Foucault e a História da Educação brasileira: dos usos possíveis do procedimento genealógico

Conteúdo do artigo principal

Julio Groppa Aquino
Flávio Tito Cundari da Rocha Santos

Resumo

Sabe-se que Nietzsche, a genealogia, a história, texto publicado em 1971, consiste na materialização de um deslocamento indelével do procedimento investigativo foucaultiano, o qual suscitou, em contrapartida, uma série de controvérsias com os historiadores de então, sem ter arrefecido nas últimas décadas. Na esteira de tal horizonte, o presente estudo propõe-se a perspectivar as repercussões do legado foucaultiano e, em particular, os usos da noção de genealogia na produção bibliográfica em História da Educação veiculada, entre 1997 e 2017, nos três periódicos brasileiros voltados especificamente ao campo histórico-educacional. Para tanto, operou-se uma análise atenta ao conjunto e às especificidades de 42 artigos selecionados, de modo a dar a ver movimentos simultâneos, não obstante descentrados. As conclusões voltam-se às circunstâncias e condições que permitiriam determinado tipo de exercício investigativo de matriz historial ser designado foucaultiano.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Aquino, J. G. ., & Santos, F. T. C. da R. (2020). Foucault e a História da Educação brasileira: dos usos possíveis do procedimento genealógico. Cadernos De História Da Educação, 19(2), 392–408. https://doi.org/10.14393/che-v19n2-2020-8
Seção
Dossiê: Foucault, a genealogia, a história da educação
Biografia do Autor

Julio Groppa Aquino, Universidade de São Paulo (Brasil)

Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq
https://orcid.org/0000-0002-7912-9303
http://lattes.cnpq.br/1124623998211027
groppaq@usp.br

Flávio Tito Cundari da Rocha Santos, Universidade de São Paulo (Brasil)

https://orcid.org/0000-0003-4273-833X
http://lattes.cnpq.br/1146947200426347
flavio.tito@usp.br

Referências

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval M. História em jogo: a atuação de Michel Foucault no campo da historiografia. Anos 90, Porto Alegre, v. 11, n. 19/20, p. 79-100, jan./dez. 2004. https://doi.org/10.22456/1983-201X.6352

AQUINO, Julio G. A difusão do pensamento de Michel Foucault na Educação brasileira: um itinerário bibliográfico. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 18, n. 53, p. 301-324, abr./jun. 2013. https://doi.org/10.1590/S1413-24782013000200004

AQUINO, Julio G. Foucault e a pesquisa educacional brasileira, depois de duas décadas e meia. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 43, n. 1, p. 45-71, jan./mar. 2018. https://doi.org/10.1590/2175-623661605

ARTIÈRES, Philippe. Foucaultiano, adjetivo masculino? In: RODRIGUES, Heliana B. C.; PORTOCARRERO, Vera; VEIGA-NETO, Alfredo. (Orgs.). Michel Foucault e os saberes do homem: como, na orla do mar, um rosto de areia. Curitiba: Prismas, 2016. p. 382-389.

AZEREDO, Vânia Dutra de. A metodologia de Foucault no trato dos textos nietzschianos. Cadernos Nietzsche, São Paulo, v. 1, n. 35, p. 57-85, 2014. https://doi.org/10.1590/S2316-82422014000200004

BONTEMPI JR., Bruno; TOLEDO, Maria Rita. Historiografia da educação brasileira: no rastro das fontes secundárias. Perspectiva, Florianópolis, n. 20, p. 9-30, 1993.

CARDOSO, Ciro F. Paradigmas rivais na historiografia atual. Educação & Sociedade, Campinas, n. 47, p. 61-72, abr. 1994.

CARVALHO, Alexandre Filordi de. Foucault: atualizador da genealogia nietzschiana. Cadernos Nietzsche, São Paulo, n.30, p.221-249, 2012.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre certezas e inquietude. Porto Alegre: UFRGS, 2002.

COSTA, Jurandir F. Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

DEFERT, Daniel. Cronologia. In: FOUCAULT, Michel. Problematização do sujeito: Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014. p. 1-70.

DUSSEL, Inés. Foucault e a escrita da história: reflexões sobre os usos da genealogia. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 29, n.1, p. 45-68, jan./jun. 2004.

FARIA FILHO, Luciano; VIDAL, Diana. História da Educação no Brasil: a constituição histórica do campo (1880-1970). Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 23, n. 45, p. 37-70, 2003. https://doi.org/10.1590/S0102-01882003000100003

FOUCAULT, Michel. Aulas sobre a vontade de saber. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2018.

FOUCAULT, Michel. Do governo dos vivos: curso do Collège de France (1979-1980). São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014a.

FOUCAULT, Michel. Loucura, literatura, sociedade. In: ______. Problematização do Sujeito: Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014b. p. 232-258.

FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a genealogia, a história. In: ______. Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008a. p. 260-281.

FOUCAULT, Michel. Estruturalismo e pós-estruturalismo. In: ______. Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008b. p. 307-334.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008c.

FOUCAULT, Michel. Nietzsche, Freud, Marx. In: ______. Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008d. p. 40-55.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 2001.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 3.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987.

GONDRA, José G. Paul-Michel Foucault – uma caixa de ferramentas para a História da Educação? In: FARIA FILHO, Luciano M. (Org.). Pensadores sociais e História da Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. p. 293-311.

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

LE GOFF, Jacques. Foucault e a nova história. Plural, São Paulo, n.10, p.197-209, jul./dez. 2003.

MACHADO, Roberto; LOUREIRO, Ângela; LUZ, Rogério; MURICY, Kátia. Danação da norma: a medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1977.

MARTON, Scarlett. Foucault leitor de Nietzsche. In: RIBEIRO, Renato Janine. (Org.) Recordar Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 36-46.

NAGLE, Jorge. História da Educação Brasileira: problemas atuais. Em Aberto, Brasília, v. 3, n. 23, p. 27-29, set./out. 1984.

O’BRIEN, Patrícia. A história cultural de Michel Foucault. In: HUNT, Lynn. (Org.). A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 33-62.

PALLARES-BURKE, Maria L. Carlo Ginzburg. In: _______. As muitas faces da história (nove entrevistas). São Paulo: Ed. Unesp, 2000. p. 269-306.

PARAÍSO, Marlucy A. Pesquisas pós-críticas em educação no Brasil: esboço de um mapa. Cadernos de pesquisa, São Paulo, v. 34, n. 122, p. 283-303, maio/ago. 2004. https://doi.org/10.1590/S0100-15742004000200002

RAGO, Luzia Margareth. As marcas da pantera: Michel Foucault na historiografia brasileira contemporânea. Anos 90, Porto Alegre, v.1, n.1, p.121-143, 1993. https://doi.org/10.22456/1983-201X.6120

RODRIGUES, Heliana B. C. Michel Foucault no Brasil: esboços de história do presente. Verve, São Paulo, n. 19, p. 93-112, 2011.

SARTRE, Jean-Paul. Questão de Método. In: Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 115-197.

SAVIANI, Dermeval. O debate teórico e metodológico no campo da história e sua importância para a pesquisa educacional. In: SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José; SANFELICE, José. (Orgs.) História e História da Educação: o debate teórico-metodológico atual. Campinas: Autores Associados/HISTEDBR, 1998. p. 7-15.

SILVA, Tomaz T. (Org.). O sujeito da educação: estudos foucaultianos. Petrópolis: Vozes, 1994.

SILVA, Tomaz T. (Org.). Mapeando a [complexa] produção teórica educacional. Currículo sem Fronteiras, v. 2, n. 1, p. 5-14, 2002.

VEIGA-NETO, Alfredo (Org.). Crítica pós-estruturalista e educação. Porto Alegre: Sulina, 1995.

VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Foucault revoluciona a história. Brasília: UnB, 1982.

VEYNE, Paul. Foucault, o pensamento, a pessoa. Lisboa: Texto e Grafia, 2009.

WARDE, Mirian J. Anotações para uma historiografia da Educação brasileira. Em aberto, Brasília, v. 3, n. 23, p. 3-11, set./out. 1984.