Câmbio Negro
o racismo moderno enquanto parte-integrante do projeto de mundialização do capitalismo
DOI:
https://doi.org/10.14393/cdhis.v35n2.2022.66967Resumo
O Atlântico Negro de Paul Gilroy é costurado por dinamismos econômicos e políticos que embarcam as vidas negras em um oscilante processo de pertencimento e não-pertencimento ao local cultural em que desaguam. A demarcação histórica desses movimentos remete, de maneira inadiável, à internacionalização do capitalismo e à sua face equivalente: a designação dos povos não-brancos e não-europeus pelo fator raça. O presente trabalho busca apontar o que se oculta quando não é observada a expansão mundial do Capitalismo em uma relação causal para com a categorização racial dos indivíduos negros. Para tanto, será investigada a díade América e Modernidade em suas formulações correspondentes. Em seguida, será pensada a raça enquanto “instrumento mental” da Modernidade e fator de exploração colonial capitalista. Por fim, serão consideradas as estruturas racistas para além de suas manifestações físicas, combinando elementos investigativos da História e da Psicologia. O esforço metodológico, então, compreende dialogar com a bibliografia rica e relevante dos estudos decoloniais e racializados sobre a colonização e a história colonial dos povos afro-americanos. O trabalho, ciente das suas limitações, conclui que há espaço para esquecimento ao se tratar do esplendor da Modernidade, em função de fazer lugar para a memória da Colonialidade.