Considerações sobre a antroponímia da gente miúda preservada nas crônicas de Fernão Lopes e de Gomes Eanes de Zurara
DOI:
https://doi.org/10.14393/cdhis.v34n1.2021.61882Resumo
Neste artigo fazemos um levantamento dos nomes, apelidos e alcunhas de homens da gente miúda registrados por Fernão Lopes e por Gomes Eanes de Zurara em suas crônicas escritas no século XV a serviço dos reis de Portugal. Assinalamos a excepcionalidade do registro de nomes e de feitos de membros das camadas baixas do povo em narrativas históricas que tinham por protagonistas e por público primeiro especialmente os nobres, muitos dos quais murmuravam contra os cronistas justamente por terem os seus nomes omitidos, ou esquecidos, da história oficial do reino. Uma vez levantado o rol de apelativos de personagens da gente miúda procedemos a uma análise onomástica que nos permitiu concluir que em parte considerável dos antropônimos preservados por Lopes e por Zurara é reconhecível a baixa condição social das personae, seja pela clássica formação do antropônimo a partir de patronímicos, costume observado especialmente entre famílias vilãs no período abordado, seja pela utilização de apelidos que remetem a ofícios típicos da gente miúda.
PALAVRAS-CHAVE: Crônica; Historiografia portuguesa; Onomástica.