O indisciplinado patológico em Augusto Cury
uma análise da discursividade de autoajuda para educadores
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v3n2-2021-62142Palabras clave:
Indisciplinado, Estudos foucaultianos, Autoajuda, Augusto CuryResumen
Este artigo tem como objetivo analisar o transbordamento da literatura de autoajuda na Educação e compreender, a partir de obras do Augusto Cury, a discursividade que circula e produz uma categorização do indivíduo indisciplinado na escola atual. Para esta análise, me alio aos estudos foucaultianos e busco por relações de saber e poder que conduzam a práticas de divisão ao categorizar certos indivíduos como indisciplinados e não outros, bem como as redes discursivas que sustentam a atualização deste modo de visibilidade. Focalizando as discursividades presentes nas obras de Cury pude elaborar o eixo de análise, que apresenta maneiras de compreender distúrbios da mente, como central para a categorização: o indisciplinado patológico. Com esse eixo produzi três divisões argumentativas: Causas, Gestão e resolução e Características. Assim, o indisciplinado patológico é produzido por enunciações que o reconhecem a partir de características de distúrbios da mente e das condutas, Síndrome do Pensamento Acelerado, excesso de cansaço, irritabilidade, ansiedade, fadiga e informações além da capacidade de processamento cerebral. A causa é uma sociedade patologizante, uma sociedade que produz doenças. A solução são ações educativas que ensinem cada um a cuidar de si mesmos, uma individualização e divisão de si e do fora. Uma necessidade de gestão de si mesmo com ferramentas vistas como adequadas, é com elas que os educadores precisam, então, estar atentos ao olhar que examina, percebe e dispõe as ferramentas corretas para a autogestão da mente e das emoções. Desse modo, busco contribuir tanto para as discussões sobre a proliferação da autoajuda na Educação quanto propondo elementos que ajudem a desnaturalizar o modo que se categoriza um indivíduo como indisciplinado.
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