Seria cômico se não fosse trágico?
A polêmica da charge cancelada de Jean Galvão sobre as enchentes no Rio Grande do Sul
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v6n2-2024-75144Palavras-chave:
Charge cancelada, Jean Galvão, Enchentes no Rio Grande do SulResumo
Este estudo objetiva compreender que elementos constituintes da charge de Jean Galvão operaram, na recepção da charge, a formação do sentido de humor no quadro espacial-temporal da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul e, dessa forma, levaram o trágico a ser lido como cômico obra. A pesquisa inscreve-se na Análise Dialógica do Discurso, fundamentando-se principalmente em referências como Bakhtin (1997, 2002, 2010), Volóchinov (2021), Morson e Emerson (2008), Sobral (2009), Cardoso (2013), Queiroz (2017) e Gonçalves (2017). Para tanto, segue a abordagem de pesquisa qualitativa, do tipo descritiva. A análise demonstrou que o sentido negativo do humor foi formato pela desassociação, na constituição dos sentidos efetuada durante a leitura, dos planos verbal e visual, diante de um enunciado essencialmente verbo-visual. Ao mesmo tempo, verificou-se que, apesar da recepção negativa da produção, a charge atingiu o seu propósito de provocar a reflexão pública, ainda que, para a adequada compreensão do projeto enunciativo do produtor, tenha sido necessária a sua explicação por parte do próprio produtor.
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