Os manifestos de resistência em discursos de professores de Educação Especial sobre a inclusão
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v6n2-2024-75092Palavras-chave:
Educação Especial, Inclusão Educacional, ResistênciaResumo
Este trabalho se interessou em pensar a manifestação da resistência no discurso produzidos por professores de educação especial sobre a inclusão educacional, especialmente significado na relação com o outro, o professor de sala de aula regular. A educação especial passa a assumir um importante papel na promoção da inclusão e no atendimento aos alunos considerados público-alvo da educação especial. Instaura-se aí a necessidade de uma relação próxima entre o professor de educação especial e os professores de salas de aulas regulares. O estudo se filia à perspectiva pós-estruturalista para pensar os modos de significação sobre a inclusão. Nessa direção também seguiu a análise de discurso na perspectiva foucaultiana, sobretudo para compreender como os sentidos de resistência, que prevalecem nos resultados, são móveis e flutuantes. Percebe-se que a manifestação da resistência no discurso docente é exercida em três momentos principais: O primeiro de enfrentamento ou de negação a inclusão, como um elemento metodológico falível e inconcebível; o segundo como uma luta a ser vencida, conflituosa e oposicionista, enfrentada, se necessário, de forma opressiva. Por fim o terceiro, e menor percepção no estudo, mas que se constituiu enquanto produção de novos significados, no sentido do exercício de uma contraconduta.
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