Gente igual a gente
narrativas, estórias e resistências de uma mulher trans* no espaço escolar
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v6n2-2024-74770Palavras-chave:
Corpo trans*, Estórias, Narrativas, Espaço escolarResumo
Neste texto, analisamos as narrativas e resistências de Guerreira, uma jovem trans* e preta, no ambiente escolar. Para tanto, partimos de uma abordagem discursiva foucaultiana e neomaterialista para compreender como práticas discursivas e material-discursivas influenciam a vida de pessoas trans* em escolas específicas. Realizamos entrevistas via WhatsApp durante a pandemia de Covid-19, que serviram como base para nosso estudo qualitativo. Os resultados indicam que dispositivos de gênero e raça moldam a subjetividade e a resistência de Guerreira, revelando a complexidade das interações entre o ambiente escolar e as identidades dissidentes. Concluímos que é necessário reconfigurar práticas pedagógicas e institucionais para promover a inclusão e representatividade de pessoas trans*, sublinhando a urgência de redefinir projetos pedagógicos para celebrar subjetividades dissidentes e combater a exclusão.
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