A representação dos corpos gordos em animações infantis

uma análise crítica do discurso dos filmes das princesas da Disney

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/HTP-v6n2-2024-74404

Palavras-chave:

Análise crítica do discurso, Gordofobia, Disney, Esteriótipo

Resumo

O corpo é um elemento de expressão cultural que carrega marcas da sociedade da qual faz parte. Ele ocupa um papel central na representação da subjetividade, processo mediado pelo discurso, entendido, neste artigo, como uma dimensão da prática social. A partir de tais pressupostos, o presente trabalho busca fazer uma investigação, embasada na Análise de Discurso Crítica (Chouliaraki; Fairclough, 1999; Fairclough, 2003), das representações dos corpos gordos nas animações das princesas da Disney. Ainda, objetiva levantar relações entre os estereótipos fomentados pelos discursos midiáticos e a construção identitária desses sujeitos na sociedade contemporânea. Para tanto, realizou-se a análise através das três funções apontadas por Fairclough (2003) – representacional, identificacional e acional. A análise evidencia que os discursos da indústria cinematográfica constroem e reforçam estereótipos, sobretudo de gênero e de beleza. Os personagens das animações infantis da Disney que estão fora do padrão de magreza representam apenas figuras secundárias e/ou fortalecem preconceitos sociais.

Biografia do Autor

  • Adair Bonini, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

    Professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde também obteve os títulos de mestre e doutor em Linguística, em 1995 e 1999. É licenciado em Letras-Português pela Universidade Estadual de Maringá (1992). Foi editor-chefe das Revista Linguagem em (Dis)curso (2002-2010) e Fórum Linguístico (2011-2014). Publicou diversos livros, dentre os quais se destacam "Genre in a changing world", em parceria com Charles Bazerman e Débora Figueiredo, e "Gêneros: teorias, métodos, debates", em parceria com José Luiz Meurer e Désirée Motta-Roth. Publicou números especiais em conceituados periódicos, dentre eles, "Gênero textual/discursivo e mídia" na revista Signos da PUC-Valparaíso, Chile, organizado juntamente com Marcos Baltar. Participou da elaboração do caderno Linguagens do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio (programa de formação de professores do Ministério da Educação). Realiza pesquisas no campo da Linguística Aplicada, ocupando-se principalmente dos seguintes temas: gêneros do discurso, discurso, ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa, pedagogia crítica. É membro do Núcleo de Estudos em Linguística Aplicada (NELA/UFSC), atuando também no Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC.

  • Daniela Campregher Ferreira, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

    Licenciada em Letras - Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente é Professora de Língua Portuguesa e Literatura na rede estadual de Santa Catarina. Faz parte do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alfabetização e Ensino da Língua Portuguesa (NEPALP) vinculado à UFSC. Também participa do Grupo de Estudos Bakhtinianos (GRUBAKH), subgrupo do GEPEC (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada) da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. Interessada na área de Educação, Linguística e Ensino de Língua Portuguesa.

  • Luiza de Melo Ferreira, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

    Graduação completa em Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Santa Catarina, continuando seu vínculo com a instituição para completar seus estudos no Bacharelado. Durante sua trajetória, também foi bolsista PIBIC dentro do projeto "Literatura brasileira e meio digital bibliotecas, bancos de dados, ferramentas computacionais", tendo foco nas obras de Carlos Magalhães de Azeredo.

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Publicado

2024-12-30

Como Citar

A representação dos corpos gordos em animações infantis: uma análise crítica do discurso dos filmes das princesas da Disney. Revista Heterotópica, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 136–158, 2024. DOI: 10.14393/HTP-v6n2-2024-74404. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/74404. Acesso em: 26 mar. 2025.