No entremeio dos sentidos de gênero, raça e sexualidade
a construção discursiva da masculinidade negra gay em Madame Satã (2002)
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v5n1-2023-68084Palavras-chave:
Análise do discurso, Sentidos de gênero, Sexualidade, RaçaResumo
Neste artigo, buscamos compreender a intersecção dos sentidos de gênero, raça e sexualidade e seu funcionamento discursivo no processo de forja da masculinidade negra gay na obra cinematográfica Madame Satã (2002). Para tanto, apoiamo-nos, como suporte teórico-analítico, na Análise de Discurso de filiação materialista, tomando como premissa as ideias de Pêcheux ([1975] 2014) e Orlandi (2020), nas teorias de gênero e sexualidade, a partir das considerações de Lins (2021), Butler (2020) e Foucault ([1976] 2014) e nas reflexões de Fanon (2008) e Modesto (2018, 2021) sobre discursos racializados, atentando-nos para o caráter interseccional dos objetos de pesquisa. Como desenvolvimento desta pesquisa, analisamos que a masculinidade negra gay é forjada pela subversão dos sentidos hegemônicos de gênero e sexualidade alinhados aos de raça. Através da materialização dos sentidos de gênero e sexualidade em não conformidade com as expectativas da concepção biologizante de corpo-gênero, numa formação social branco-cêntrica, nas corporeidades de masculinidades pretas-e-gays, surgiram os gritos de autoafirmação e autodeterminação que constitui essa subjetividade.
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Referências
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