Particularidades de operacionalização do cálculo mental nas dificuldades de aprendizagem

Conteúdo do artigo principal

Fernando Oliveira Pereira

Resumo

O cálculo mental é uma tarefa ou actividade que recorre às operações cognitivas inerentes à funcionalidade psíquica do sujeito da acção. Objectivo: pesquisar particularidades de operacionalização que diferenciam alunos com e sem dificuldades de aprendizagem no cálculo mental. Participantes: 550 de ambos os sexos na faixa etária 7 – 15 anos, divididos em dois contingentes – um de 275 com e outro de 275 sem dificuldades de aprendizagem. Instrumentos metodológicos: entrevista e observação psicológicas e o cálculo mental nas modalidades crescente e decrescente, com registo de erros cometidos e tempo despendido. Resultados: Alunos com dificuldades de aprendizagem cometem mais erros e despendem bastante mais tempo, verificando-se diferenças estatisticamente significativas entre os dois contingentes. Conclusão: Alunos com dificuldades de aprendizagem indiciam desenvolvimento deficitário ou insuficiente das operações cognitivas, nomeadamente da função abstracta do raciocínio dedutivo e indutivo, reflectindo-se na insuficiente capacidade de antecipação e previsibilidade dos resultados face às exigências inerentes à real complexidade da tarefa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Pereira, F. O. . (2020). Particularidades de operacionalização do cálculo mental nas dificuldades de aprendizagem. Obutchénie. Revista De Didática E Psicologia Pedagógica, 4(3), 758–792. https://doi.org/10.14393/OBv4n3.a2020-58436
Seção
Varia/Varies
Biografia do Autor

Fernando Oliveira Pereira, Universidade Lusófona de Lisboa - Portugal

Professor Coordenador na Escola Superior de Educação Almeida Garrett. Universidade Lusófona de Lisboa, Portugal.

Referências

ANANIAS, E. F. O cálculo mental na educação matemática: Aspectos teóricos e metodológicos de uma pesquisa de mestrado. Encontro Nacional de Educação Matemática. Educação Matemática: Retrospectivas e Perspectivas. Curitiba, PR – 18 a 21 de Julho de 2013.

ANSELMO, B.; PLANCHETTE, P. Le calcul mental au collège: nostalgie ou inovation? Reprères IREM, num. 62, pp. 5 – 20. 2006.

ARPINI, D. M.; ZANATTA, E.; PARABONI, P.; RODRIGUES, P. M.; MARCHESAN, R. Q. Observação e escuta: recursos metodológicos de investigação em psicologia no âmbito da saúde materno-infantil. Contextos Clínicos, 11 (2): 243-256, maio-agosto 2018. DOI: https://doi.org/10.4013/ctc.2018.112.09

BIGODE, A. J. L.; GIMENEZ, J. Metodologia para o ensino da aritmética: competência numérica no cotidiano. São Paulo: FTD, 2010.

BLEUKHER, V. M. Patopsicologia clínica. Tashkent: Medicina, 1976.

БЛЕЙХЕР, В. М. Клиническая патопсихология. Ташкент: Медицина, 1976.

BOULAY, S.; JE BIHAN; VIOLAS, S. Le calcula mental. Mathémaques, 2004. Disponível em Acesso em 25 fev. 2020.

BOURDENET, G. Le cálcul mental. Activités mathematiques et scientifiques, n. 61, pp. 5 – 32. Strasbourg: IREM, 2007.

BROCARDO, J.; SERRAZINA, L. O sentido de número no currículo da matemática. J. Brocardo, L. Serrazina e I. Rocha (Eds). Sentido de número: Reflexões que entrecruzam a teoria e a prática (pp. 97 – 115). Lisboa: Escolar Editora, 2008.

BRUNER, J. Toward a theory of instruction. Cambridge: Harvard University Press, 1971.

BRUNER, J. The process of eduction. Cambridge: Harvard University Press, 1977.

BUTLEN, D.; PEZARD, M. Calcul mental et resolution de problèmes multipicatifs; une experimentation du CP au CM2. Recherches en Didatique des Mathématiques, Vol. 12, nº 23, pp. 319 – 368, 1992.

BUTLEN, D.; PEZARD, M. Calcul mental et resolution de problèmes numériques au début du collège. Rpères – IREM, nº 41, 5 – 24. Metz: Tpiques Editions, 2000.

BUTLEN, D.; PEZARD, M. Une contribution à l`etude des rapports entre habiletés calculatoires et resolution de problèmes numériques à l`école primaire et au début du collège. Spirale, Revue de Recherche en Education, Vol. 31, pp. 117 – 140. Lille, 2003. DOI: https://doi.org/10.3406/spira.2003.1415

CANO, D. S.; SAMPAIO, I. T. D. O método de observação na psicologia: Considerações sobre a produção científica. Interação em Psicologia, 11 (2): 199-210, 2007. DOI: https://doi.org/10.5380/psi.v11i2.6849

CARVALHO, R. Calcular de cabeça ou com a cabeça? Encontros de professores de matemática. Actas do PROFMAT, 2011.

COLE, M.; COLE, Sh. Development of Children. New York: McGraw-Hill, 2001.

CONTI, K. C.; NUNES, L. M. A. Cálculo mental em questão: fundamentação teórica e reflexões. Revemop, Ouro Preto, MG, v. 1, n. 3, pp. 361 – 378, set. / dez. 2019. DOI: https://doi.org/10.33532/revemop.v1n3a02

CORREA, J. A resolução oral de tarefas para crianças. Revista Estudos de Psicologia, Natal, vol. 9, nº 1, Jan. / Abr. 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/s1413-294x2004000100016

CORREA, J.; SEIDL-DE-MOURA, M. L. A solução de problemas de adição e subtração por cálculo mental. Psicol. Reflex. Crit., 10 (1), p. 71 – 86, 1997. DOI: https://doi.org/10.1590/s0102-79721997000100006

CUNHA, J. A. et col. Psicodiagnóstico – R. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

DOKUTSHAEVA, M. A. Sobre a utilização do método de contagem de Kraepelin na clínica psiquiátrica. Revista “Métodos psicológicos de investigação na clínica”. Leninegrado, 1967.

ДОКУЧАЕВА, М. А. Об использовании методики счета по Крепелину в п их атрической клинике. Сб. Психологические методы исследования в клинике. Ленинград, 1967.

DUVAL, R. Ver e ensinar a matemática de outra forma. T. M. M. CAMPOS (Org.). Entrar no modo matemático de pensar: os registros de representações semióticas, 1ª edição. São Paulo: PROEM, 2011. DOI: https://doi.org/10.5212/praxeduc.v.7i2.0014

DUVAL, R. Rupturas e omissões entre manipular, ver, dizer e escrever: história de uma sequência de actividades em geometria. C. F. BRANDT E M. TH. MORETTI (Orgs.). As contribuições da teoria das representações semióticas para o ensino e pesquisa na educação matemática. Ijuí: Edições Unijuí, 2014.

FERNANDES, J. A.; ALVES, M. P.; VISEU, F.; LACAZ, T. M. Tecnologias de informação e comunicação no currículo da matemática do ensino secundário após a reforma curricular de 1986. Revista de Estudos Curriculares, 4(2), 291-329, 2006.

FERREIRA, E. Desenvolvimento do sentido de número no âmbito da resolução de problemas de adição e subtracção no 2º ano de escolaridade. Tese de doutoramento. Lisboa: Instituto de Educação de Lisboa, 2012.

GANZEN, V. A. Descrições sistémicas em psicologia. Leninegrado:
Universidade Estatal de Leninegrado, 1984.

ГАНЗЕН, В. А. Системные описания в психологии. Ленинград: Ленинградский Государственний Университет, 1984.

GENTILE, P. Cálculo mental: contas de cabeça sem errar. Nova Escola. São Paulo, 7 de Março de 2018.

GÓMEZ, B. La enseñanza del cálculo mental. Unión – Revista Iberoamericana de Educación Matemática, nº 4, pp. 17 – 29, 2005.

GONÇALEZ, T. T.; BALADÃO, P. O. Porque parece tão difícil fazer cálculo mental? Métodos Matemáticos. Abril 2013, Trabalhos Feitos.com.

GOULART, I. B. Psicologia da Educação. São Paulo: Vozes, 1987.

GUIMARÃES, SH. D.; FREITAS, J. L. M. Contribuições de uma prática regular de cálculo mental para a aprendizagem de conceitos matemáticos nos anos iniciais. Educação, Matemática, Pesquisa. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática, Vol. 12, n. 2, pp. 292 – 309, 2010.

KAMII, C. Social Interaction and invented spelling. Language Art, 62, 124 – 133, 1985.

KAMII, C.; DE CLARK, G. Young Children reinvented arithmetic. New York: Teachers College Press, 1985.

KAMII, C., MANNING, M. & MANNING, G. (Eds.) Early literacy: A constructivist foundation for whole language. Washington, DC: National Education Association, 1991.

KAMII, C. Desvendando a aritmética: implicações na teoria de Piaget. Campinas – SP: Papirus, 1995.

LEAL, I. P. Entrevista clínica e psicoterapia de apoio (3ª ed.). Lisboa: ISPA, 2004.

LEONTEV, A. N. Problemas de evolução da psique, 4ª edição. Moscovo: Universidade Estatal de Moscovo, 1981.

ЛЕОНТЕВ, А. Н. Проблемы развития психики, четвертое издание. Москва: Московский Государсвенный Университет, 1981.

LOMOV, B. F. Problemas teóricos e metodológicos da psicologia. Moscovo: Ciência, 1984.

ЛОМОВ, Б. Ф. Теорические и методологоческие проблемы психолoгии. Москва: Наука, 1984.

LURIA, A. R. The Working Brain – An Introduction to neuropsychology. London: Perrguin Press, 1973.

LURIA, A. R.; HOMSKAYA, E. D. (Ed.) Frontal Lobes and regulation of psychological processes. Moscow: University Press, 1969.

NEVES, R. L.; ALMEIDA, W. R. M.; OLIVEIRA, E. N.; ALMEIDA, G. K. F. C.; SAMPAIO, R. T. P. Reflexões sobre o uso de cálculos mentais com alunos de uma escola pública: uma experiência, usando registos semióticos. Revista Espacios, vol. 39, n. 10, 2018.

PEDINIELLI, J.-L.; FERNANDEZ, L. L`observation clinique. In: J.-L. PEDINIELLI; L. FERNANDEZ, L`observation clinique et l`etude de cas. Paris, Armand Colin, pp. 7 – 15, 2015.

PEREIRA, F. O. O Exame como Factor de Stress, Gerador de Tensão Psiconervosa e de Alterações Organizativo-funcionais no Sistema, aos Níveis Psicológico e Comportamental. Cadernos de Investigação Aplicada, Nº 4, 17 - 41. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, 2010.

PEREIRA, F. O. Teoria Sistémico-Integrativa do Psiquismo Humano. Revista Teoría y Crítica de la Psicología, n. 10, 1—23, 2018a. http://www.teocripsi.com/ojs/(ISSN:2116-3480).

PEREIRA, F. O. Estudo neuropsicológico longitudinal de funções cognitivas na esclerose múltipla. Lisboa: Autor, 2018b.

PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.

PIAGET, J.; INHELDER, B. Psicologia da criança. São Paulo: Difel, 1968.

PCN (2000). Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática, 1968. Portal de Educação.com.br/conteúdo/artigos/esporte/calculo mental/ 45469

RATHGEB-SCHNIERER, E.; GREEN, M. G. Desenvolvendo flexibilidade no cálculo mental. Educação & Realidade, vol. 44, n. 2, 2019.

RUBINSTEIN, S. L. Fundamentos de psicologia geral, 2ª edição. Moscovo: Utspedguiz, 1946.

РУБИНШТЕЙН, С. Л. Основы общей психологии, 2-ое издание. Москва: Уцпедгиз, 1946.

SERRAZINA, L. Competência matemática e competências de cálculo no 1º ciclo. Educação e Matemática, Nº 69. Lisboa, Setembro/Outubro, 2002.

TATON, R. O cálculo mental (Tradução M. A, Videira). Lisboa: Arcádia, 1969.

THOMAZ, A. P. Números e mais números: Como agir quando começam as dificuldades com a matemática, 2011. Guia da semana.com.br/filhos/notícia/numeros-e-mais-numeros.

VERGNAUD, G. Conceitos e esquemas numa teoria operatória da representação. Psychologie Françoise, nº 30 – ¾, pp. 245 – 252; nov. 1985.

VIGOTSKY, L. S. Mind and Society: the development of higher psychological. Cambridge: Harvard University Press, 1978.

VIGOTSKY, L. S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

VIGOTSKY, L. S. Teoria e método em psicologia. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

VILARRASA, A. B.; BERRIOS, G. E.; PALACIOS, P. F. L. Medición Clínica en Psiquiatría y Psicología (2ª ed.). Barcelona: Masson, 2003.