PRESSUPOSTOS NEOLIBERAIS NO CURRÍCULO DO NOVO ENSINO MÉDIO: PRINCÍPIOS PARA UMA PRÁTICA DOCENTE HUMANIZADORA NO ENSINO DE GEOGRAFIA
DOI:
https://doi.org/10.14393/REG-v16-2025-78932Palavras-chave:
Currículo de Geografia, Neoliberalismo, Humanização, Prática docenteResumo
Este estudo objetiva analisar os pressupostos neoliberais no currículo do Novo Ensino Médio e os princípios da dialogicidade, criticidade e amorosidade, para uma prática docente humanizadora no ensino de Geografia. Optamos pela metodologia da pesquisa qualitativa e realizamos um estudo teórico apoiado em Freire e em autores que desenvolveram pesquisas sobre o neoliberalismo e sua interferência nas políticas curriculares. Analisamos também a legislação educacional, proposta para a Reforma do Novo Ensino Médio. As ideias de Freire permitiram dialogar com autores críticos do currículo e do ensino de Geografia e sua pedagogia é o ponto de partida para a construção de um projeto de educação e sociedade comprometidos com a transformação social e com a humanização dos/das jovens estudantes do Brasil. Freire defende uma educação que desperte no ser humano a criticidade em relação aos problemas sociais e políticos da realidade em que vive. No entanto, o currículo de Geografia do Novo Ensino Médio, pensado pela lógica capitalista neoliberal e tecnicista, limita o desenvolvimento de uma Geografia crítica e humanizadora. Nesse sentido, os princípios freireanos contribuirão para o desenvolvimento de uma prática docente de Geografia mais humana no cotidiano escolar.
Referências
ALBUQUERQUE, M. A. M. et al. Manifesto: crítica às reformas neoliberais na educação – prólogo do ensino de Geografia. Marília: Lutas Anticapital, 2021.
ANDRÉ, Marli. O que é um estudo de caso qualitativo em educação? Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 22, n. 40, p. 95-103, jul./dez, 2013. https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2013.v22.n40.p95-103
ASSIS, Lenilton Francisco. Formação de Professores de Geografia e Políticas Educacionais: Duas Décadas de Mudanças e Desafios (2002-2022). Goiânia: C&A Alfa Comunicação, 2023.
BALL, Stephen John; MAINARDES, Jefferson. (Orgs.). Políticas Educacionais: questões e dilemas. São Paulo: Cortez, 2011.
BRAGA, Maria Margarete Sampaio de Carvalho. Prática Pedagógica Docente-Discente e Humanização: contribuição de Paulo Freire para a escola pública. 2012. Tese (Doutorado em educação) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. 57. ed. Brasília: Edições Câmaras, 2021.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em 10/07/2025.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 02 dez. 2025.
BRASIL. Lei nº 14.945, de 31 de julho de 2024. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a fim de definir diretrizes para o ensino médio, e as Leis nºs 14.818, de 16 de janeiro de 2024, 12.711, de 29 de agosto de 2012, 11.096, de 13 de janeiro de 2005, e 14.640, de 31 de julho de 2023. Diário Oficial da União, Brasília, 31 jul. 2024. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/l14945.htm. Acesso em: 02 dez. 2025.
BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, nº 11.494, de 20 de junho de 2007, e nº 11.195, de 18 de novembro de 2005, institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 17 fev. 2017. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em: 02 dez. 2025.
BRASIL. Medida Provisória Nº 746, de 22 de setembro de 2016. Institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 set. 2016. Diário Oficial da União, Brasília, 23 set. 2016.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 399, de 8 de março de 2023. Diário Oficial da União, Brasília, 9 mar. 2023. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-399-de-8-de-marco-de-2023-468762771. Acesso em: 02 dez. 2025.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 627, de 4 de abril de 2023. Diário Oficial da União, Brasília, 5 abr. 2023. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-627-de-4-de-abril-de-2023-475187235. Acesso em: 02 dez. 2025.
COSTA, Thais Almeida. A noção de competência enquanto princípio de organização curricular. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, n. 29, mai./ago, 2005. https://doi.org/10.1590/S1413-24782005000200005
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Ed. Boitempo, 2016.
FREIRE, Paulo. Política e Educação: ensaios/Paulo Freire. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 47. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 73. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2022a.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 53. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2022b.
FREITAS, Luiz Carlos de. Os reformadores empresariais da educação e a disputa pelo controle do processo pedagógico na escola. Educação & Sociedade, Campinas, v. 35, n. 129, p. 1085-1114, out.-dez., 2014. https://doi.org/10.1590/ES0101-73302014143817
FRIGOTTO, Gaudêncio. A Crise na Educação como Projeto da Classe Dominante Brasileira. In: BOTO, C.; CARA, D.; SANTOS, V. M. (Orgs.) Desafios e Reinvenções da Escola Pública. São Paulo: FEUSP, 2025.
GUEDES, Marília Gabriela de Menezes. Contribuição de Paulo Freire para as políticas e práticas curriculares nos sistemas de ensino. 2012. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012.
KATUTA, Ângela Massumi. Mercantilização e financeirização da educação brasileira: A proposta neoliberal, o apagão pedagógico global (APG) e as resistências. Geografia, Rio Claro, v.44, n. 1, jan./jun, 2019. https://doi.org/10.5016/geografia.v44i1.14960
LAVAL, Christian. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. São Paulo: Boitempo, 2004.
LEITÃO, Edineide Souza Sá. A prática pedagógica docente na perspectiva da humanização em Paulo Freire na EJA de Olinda. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015.
MARQUES, Ana Carolina de Oliveira. Aula de brigadeiro e a preparação para uma vida amarga. 2023. Disponível em: https://www.multiplicadoresdevisat.com/_files/ugd/15557d_e08cc9577b4c4ba2b44eb80ea3a385cc.pdf. Acesso em 22 jul. 2025.
MARTINS, Erika Moreira. Movimento “Todos Pela Educação”: um projeto de nação para a educação brasileira. 2013. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2013.
MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. Indagações sobre Currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag3.pdf. Acesso em 07 mai. 2018.
NUSSBAUM, Martha. Sem fins lucrativos: porque a democracia precisa das humanidades. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2015.
PERRENOUD, Philippe. Construir competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
REDE ESCOLA PÚBLICA E UNIVERSIDADE (REPU) et al. Redução das Ciências Humanas no currículo da rede estadual paulista: nota técnica. São Paulo: REPU; Gepud, 2025. Disponível em: https://www.repu.com.br/notas-tecnicas. Acesso em: 16 dez. 2025.
SANTOS, Milton. O Espaço do Cidadão. 7ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.
ZEICHNER, Kenneth M. Política de formação de professores nos Estados Unidos: como e por que elas afetam vários países do mundo. Tradução de Cristina Antunes. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Maria Ferreira Gomes

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os conteúdos publicados na Revista de Ensino de Geografia estão licenciados sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).
Isso significa que os autores mantêm os direitos autorais sobre seus trabalhos, permitindo o compartilhamento, adaptação, distribuição e reprodução em qualquer meio ou formato, desde que seja dado o devido crédito à autoria original e à fonte da publicação.
Para mais informações sobre esta licença, acesse: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/


