A experiência do “Águas de menino”:
educação de fundo de quintal como pedagogia decolonial
DOI:
https://doi.org/10.14393/REE-v21n22022-65568Palavras-chave:
Capoeira Angola, Educação de fundo de quintal, Arte-educação, Relações étnico-raciais, Cultura Afro-brasileiraResumo
Neste artigo, tratamos das experiências pedagógicas comunitárias desenvolvidas nos anos 2018 e 2019 no projeto “Águas de Menino”, situado na região norte de Goiânia, Goiás. A Capoeira Angola constitui a temática central do projeto, a partir da qual são problematizadas questões étnico-raciais, intergeracionais, de classe e de gênero. “Fundo de quintal” constitui uma metáfora que implica a existência de um espaço físico e simbólico que viabiliza a experiência comunitária por intermédio de processos de compartilhamento de saberes. O projeto vem se concretizando como espaço de afirmação identitária, de politização e de colaboração em que os fundamentos da Capoeira Angola e de outras manifestações afro-brasileiras são vivenciadas numa dimensão popular, em que pensamento, sentimento e ação se interpenetram assentados num contexto de valorização da ancestralidade, da corporeidade, da oralidade, da afetividade, da vivacidade cultural e da justiça sociocognitiva. Com isso, a ação do “Águas de Menino” pode ser compreendida como uma possibilidade de enfrentamento à colonialidade do saber e se instaura como uma proposta de educação de fundo de quintal que atua em uma perspectiva decolonial.
Downloads
Referências
ABIB, P. R. J. Capoeira angola: cultura popular e o jogo dos saberes na roda. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2004.
ARANHA, C.; OLIVEIRA, A. M. Metodologia, métodos e formas interdisciplinares na pesquisa em arte. São Paulo, 2012.
ARAÚJO, P. C. Abordagens socioantropológicas da luta/jogo da capoeira. Maia: Instituto Superior de Maia, 1997.
ARAÚJO, R. C. (Mestra Janja). Capoeira e conhecimento. YouTube, 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=K12NGPQQFtE. Acesso em: 5 maio 2022.
BRASIL. Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890. Promulga o Código Penal. Rio de Janeiro, RJ, 1890. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/d847.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%20847%2C%20DE%2011%20DE%20OUTUBRO%20DE%201890.&text=Promulga%20o%20Codigo%20Penal.&text=Art.,que%20n%C3%A3o%20estejam%20previamente%20estabelecidas. Acesso em: 18 nov. 2022.
BRASIL. Decreto-Lei nº 3688, de 3 de outubro de 1941. Lei das Contravenções Penais. Rio de Janeiro, RJ, 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3688.htm. Acesso em: 18 nov. 2022.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasília, DF, 2003. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 18 nov. 2022.
BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF, 2008. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 18 nov. 2022.
FALCÃO, J. L. C. O jogo da capoeira em jogo e a construção da práxis capoeirana. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 5. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
JANJA, M. Evento saberes: capoeira angola, mulheres e resistência. YouTube, 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5Wua7SBZM4w. Acesso em: 5 maio 2022.
MCLAREN. P. Multiculturalismo revolucionário. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
MENESES, M. P. Justiça cognitiva. In: CATTANI, A. et al. (org.). Dicionário internacional da outra economia. Coimbra: Almedina, 2009. p. 231-236.
MOTA NETO, J. C. da. Por uma pedagogia decolonial na América Latina: reflexões em torno do pensamento de Paulo Freire e Orlando Fals Borda. Curitiba: CRV, 2016.
OLIVEIRA, D. E. Cosmovisão africana no Brasil: elementos para uma filosofia afrodescendente. Fortaleza: LCR, 2003.
PASTINHA, J. P. de. (Mestre João Pequeno). Menino quem foi seu mestre? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CcbmKphgYLI. Acesso em: 25 jul. 2020.
PINTO, H. D. de S. Emoção e ação pedagógica na infância: contribuição de Wallon. Temas Psicológicos, Ribeirão Preto , v. 1, n. 3, p. 73-76, dez. 1993. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1993000300010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 16 nov. 2022.
PIRES, A. L. C. S. Bimba, Pastinha e Besouro de Mangangá: três personagens da capoeira baiana. Tocantins/Goiânia: NEAB/Grafset, 2002.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: QUIJANO, A. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 117-142.
REGO, W. Capoeira Angola: um ensaio socio-etnográfico. Salvador: Itapuã, 1968.
REIS, L. V. de S. O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher Brasil, 2000.
ROCHA, A. M. A corporal(idade) discursiva à sombra da hierarquia e do poder: uma relação entre Oyěwùmí e Foucault. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2018. Disponível em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/8955. Acesso em: 16 nov. 2022.
ROCHA, R. M. C. A pedagogia da tradição: as dimensões do ensinar e do aprender no cotidiano das comunidades afro-brasileiras. Paidéia, Belo Horizonte, n. 11, p. 31-52, jul./dez, 2011. Disponível em: http://revista.fumec.br/index.php/paideia/article/view/1308. Acesso em: 16 nov. 2022.
SILVA, D de. A. E. Capoeira Angola: por uma educação trans-formal. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 6., 2017. Anais [...]. Campina Grande: Realize, 2017. Disponível em: https://www.editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/36130. Acesso em: 11 nov. 2022.
SILVA, R. de L.; DANTAS, J. L. C. Cultura popular: seus contornos, desdobramentos e materializações. Rascunhos, Uberlândia, v. 3, n. 2, 2016. Doi: 10.14393/issn2358-3703.v3n2a2016-02. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/rascunhos/article/view/35658. Acesso em: 16 nov. 2022.
SILVA, R. L.; FALCÃO, J. L. C. Vivacidade cultural e justiça cognitiva no projeto “Águas de Menino”. In: CONGRESSO DA FEDERAÇÃO DE ARTE/EDUCADORES DO BRASIL- CONFEB, 27., 2017, Campo Grande. Anais [...]. Campo Grande: FAEB; ASMAE; UFMS, UEMS, 2017, p. 217-228.
SILVA, T. T. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
SOBREIRA, G. C.; OLIVEIRA, M. S.; ARGOLO, A. A. Reflexões sobre a ecologia dos saberes na prática educacional: a arte como possibilidade de emancipação. Mestra Janja em entrevista: a força da presença feminina na capoeira. YouTube. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-0fR_ERoMfw. Acesso em: 5 maio 2022.
VON SIMSON, O. R. M., BRANDINI, M. P., FERNANDES, R. S. Visões singulares, conversas plurais. São Paulo: Itaú Cultural, 2007.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Renata de Lima Silva, José Luiz Cirqueira Falcão

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Ao publicarem nesta revista, os autores concordam em manter os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.