Psicologia Indígena:

cartografando devires

Autores

  • Carolina Moraes Menezes Universidade Federal do Triângulo Mineiro
  • Walter Amora de Faria Silva Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Palavras-chave:

População indígena, Atuação do psicólogo, Cartografia

Resumo

A psicologia chega a povos indígenas do Brasil como uma ciência etnocêntrica que sobrepõe seu saber aos saberes deles sem considerar suas particularidades e os cuidados com a saúde em sua cultura. Não por acaso, a atuação de psicólogos com povos indígenas tem sido aspecto da atenção de conselhos da área de psicologia. Este artigo converge para essa dimensão do trabalho psicológico ao objetivar compreender o que vem a ser a psicologia indígena, por quem é construída e quais são suas possibilidades de atuação. Tal compreensão derivou de entrevista com membros da Articulação Brasileira dos(as) Indígenas Psicólogos(as), que se identificam como psicólogos e indígenas. De início, responderam a questionários; depois, foram entrevistados. O método de análise dos dados gerados foi a cartografia de Deleuze e Guattari, traduzida em quatro vertentes: corpo-território (questões de identidade e pertencimento); encruzilhadas da diferença (produção de uma psicologia rizomática); a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam (reafirmação da importância de considerar o processo histórico de construção do saber psicológico); pintada de jenipapo e urucum (processo de fundação/projetos da associação de psicologia indígena); devir-psicologia indígena (construção de uma psicologia libertária, “decolonial” pelos povos indígenas e para eles).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Articulação Brasileira dos(as) Indígenas Psicólogos(as) (2020). ABIPSI — Por uma Psicologia pintada de jenipapo e urucum. 29 de maio de 2020. Instagram: @abipsi_. Recuperado em junho de 2021. https://www.instagram.com/p/CAxx1Xkn6K8/

Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME). (2014). Carta de Manaus por uma saúde integral aos povos indígenas. 4º Congresso Brasileiro de Saúde Mental.

Antunes, M. (2012). A Psicologia no Brasil: um ensaio sobre suas contradições. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(n. esp.). Recuperado em julho de 2021. https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000500005

Baremblitt, G. (2010). Introdução à esquizoanálise. Goiânia: FGB/IFG.

Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região (2010). Psicologia e povos indígenas. Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região. São Paulo: CRP-SP.

Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (2016). Na fronteira da psicologia com os saberes tradicionais: práticas e técnicas (Vol. 2). Conselho Regional de Psicologia de São Paulo. São Paulo: CRP-SP.

Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (2021). CREPOP — Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) junto aos povos indígenas. Brasília.

Deleuze, G., & Guattari, F. (1995). Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34. 715 pp.

Dias, M. S. L. (2020). O legado de Martín-Baró: a questão da consciência latino-americana. Psicologia para América Latina, (33), 11–22. Recuperado em junho de 2021. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-350X2020000100003

Fanon, F. (1983). Pele negra, máscaras brancas. Rio de Janeiro: Fator.

Faria, L. L., & Martins, C. P. (2020). Fronteiras coloniais, psicologia da libertação e a desobediência indígena. Psicologia para América Latina, (33), 33–42. Recuperado em junho de 2021. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-350X2020000100005&lng=pt&tlng=pt

Ferraz, I. T. & Dominguez, E. (2016). A psicologia brasileira e os povos indígenas: Atualização do Estado da Arte. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(3), 682-695. Recuperado em junho de 2021. https://doi.org/10.1590/1982-3703001622014

Foucault, M. (2012). A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France. (Trad. L. F. A. Sampaio). São Paulo: Edições Loyola. (Original publicado em 1970).

Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). (2002). Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Brasília: Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Recuperado de: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude_indigena.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2010). Indígenas. Estudos especiais: o Brasil indígena. Rio de Janeiro, RJ: O Autor. Recuperado de: https://indigenas.ibge.gov.br/estudos-especiais-3/o-brasil-indigena

Guattari, F., & Rolnik, S. (2010). Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes.

Kilomba, G. (2016). Descolonizando o conhecimento: uma palestra-performance de Grada Kilomba. (Trad. J. Oliveira). São Paulo: Goethe-Institut.

Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras.

Longhini, G. D. N. (2018). Mãe (nem) sempre sabe: existências e saberes de mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais (Dissertação de mestrado). Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina.

Luciano, G. S. (2006). O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional.

Martín-Baró, I. (1986). Hacia una psicología de la liberación. Boletin da AVEPSO XII 3, 6–17.

Martín-Baró, I. (2017). O psicólogo no processo revolucionário. In: Lacerda Júnior. F. (Org.). Crítica e libertação na psicologia: estudos psicossociais (pp. 25–9). Petrópolis: Vozes (Original publicado em 1980).

Martín-Baró, I. (2017). O desafio popular à psicologia social na América Latina. In: Lacerda Jr. F. (Org.). Crítica e libertação na psicologia: estudos psicossociais (pp. 66–88). Petrópolis: Vozes (Original publicado em 1987).

Minayo, M. C. S. (2001). Pesquisa social. Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes.

Missaggia, J. (2018). A noção husserliana de mundo da vida (Lebenswelt): em defesa de sua unidade e coerência. Trans/Form/Ação, 41(1). https://doi.org/10.1590/S0101-31732018000100009

Passos, E., Kastrup, V., & Escóssia, L. (2020). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina.

Quijano, A. (2010). Colonialidade do poder e classificação social. In: B. S. Santos & M. Meneses (eds.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez

Rolnik, S. (2018). Esferas da insurreição: notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: n–1.

Rotenberg, A. (2015). Nas margens: alteridade e partilha da experiência (Dissertação de mestrado). Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro.

Sales, D. W. M. (2020). A (des)ordem do discurso da Loucura e a ruína da(s) clínica(s) (Blog). Recuperado em junho de 2021. https://esquizografias.medium.com/a-des-ordem-do-discurso-da-loucura-e-a-ru%C3%ADna-da-cl%C3%ADnica-ceb81fb4d1ec

Smith, L. T. (2018). Descolonizando metodologias: pesquisa e povos indígenas. Trad. Roberto G. Barbosa. Curitiba: UFPR. http://dx.doi.org/10.5380/cra.v20i2.70323

Tedesco, S. H., Sade, C., & Caliman, L. V. (2013). A entrevista na pesquisa cartográfica: a experiência do dizer. Fractal: Revista de Psicologia, 25(2).. https://doi.org/10.1590/S1984-02922013000200006

Tiveron, J. D. P., & Bairrão, J. F. M. (2013). A memória social indígena: a psicologia em questão. Povos Indígenas e psicologia. CRP6.

Downloads

Publicado

2021-12-30

Como Citar

Menezes, C. M., & Silva Neto, W. M. de F. (2021). Psicologia Indígena:: cartografando devires . Perspectivas Em Psicologia, 25(2), 177–193. Recuperado de https://seer.ufu.br/index.php/perspectivasempsicologia/article/view/67913