Fenomenologia e relação terapêutica
uma revisão integrativa da literatura
DOI:
https://doi.org/10.14393/PPv24n2a2020-58170Palabras clave:
Psicologia fenomenológica, Processos psicoterapêuticos, Intersubjetividade, Métodos de pesquisa, PsicologiaResumen
A fenomenologia vem auxiliando pesquisadores a confrontar o formato tradicional de investigação da psicologia, rejeitando uma interpretação teorizante e objetificante dos fenômenos psicológicos. No entanto, o debate metodológico-empírico produz divergências entre os pesquisadores brasileiros. Este artigo apresenta uma revisão integrativa da literatura nacional em Psicologia acerca da forma como a relação terapêutica tem sido investigada em pesquisas que se fundamentam epistemologicamente na fenomenologia. Foi realizado um levantamento em bancos de dados virtuais (BVS, PePsic, SciELO, Portal Capes) em busca de artigos de estudos empíricos, publicados nos últimos dez anos, que tinham como foco a análise da relação terapêutica em termos de processo psicoterápico, independentemente da abordagem teórica. Dos 200 artigos encontrados, 16 foram selecionados para a leitura integral, sendo que somente dois se fundamentam epistemologicamente na fenomenologia. Os resultados e conclusões apontam para a escassez de trabalhos empíricos sobre a relação terapêutica e para as contribuições da fenomenologia na compreensão da relação terapêutica nos processos psicoterápicos. Os estudos encontrados propõem uma reflexão sobre a dimensão ontológica da intersubjetividade, rompendo com uma visão monológica do processo psicoterápico e apresentam contribuições sobre a possibilidade de investigação empírica da relação terapêutica fundamentadas epistemologicamente na fenomenologia.
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