Dossiê - Epistemologia da Pesquisa em Artes Visuais: aportes teórico-metodológicos

2025-03-31

Esse dossiê tem por objetivo reunir um conjunto de artigos que abordem aspectos metodológicos nas pesquisas em Artes Visuais, bem como no seu campo educacional. Entendemos por aspectos metodológicos:
a) o método como lógica de construção do conhecimento, adotado conscientemente em investigações artísticas e educacionais, servindo de base para desdobramentos metodológicos;
b) abordagens qualitativas sustentadas epistemologicamente em consonância com o método adotado; c) tipos de pesquisa que orientam modos de aproximação com o campo investigativo;
d) procedimentos que detalham os instrumentos de investigação, abrangendo processos de coleta e/ou produção de dados, sua organização, análise e formas de divulgação do trabalho investigativo e de seus resultados.

A temática deste dossiê se mostra significativa, uma vez que as discussões metodológicas no campo das Artes Visuais, no Brasil, ainda:

  1. Carecem de maior atenção e de uma cultura que as valorize como aspecto teórico e epistemológico essencial, não apenas para pesquisadores que investigam a própria produção, mas também como parte integrante da criação artística e da prática educacional.
  2. São frequentemente pensadas de maneira desconectada em nossos fazeres como pesquisadores, artistas e educadores. Embora sejamos seres de múltiplas práticas, o método, entendido como lógica de construção do conhecimento formal, reflete um modo de ser e estar no mundo. Consciente ou não, ele permeia nossas ações, o que evidencia a necessidade de dialogar e compreender os diferentes modos de apreensão da realidade e seus meios de produção.
  3. São marcadas por concepções diversas e, muitas vezes, por definições imprecisas aplicadas a abordagens, tipos de pesquisa e procedimentos.
  4. Demandam um olhar mais atento para a conexão entre os modos de pensar e de fazer do artista, pesquisador e educador. Embora cada um tenha sua lógica singular, essas práticas podem se articular por meio da escolha e do domínio de um método como eixo estruturante na produção de conhecimento. Assim sendo, urge um debate mais aprofundado sobre o campo metodológico.
  5. Requerem a ruptura com a visão de que a adoção de um método e de metodologias limita a criatividade e a liberdade do pensamento. Essa perspectiva reducionista trata o método como uma "forma" fixa, com regras preestabelecidas a serem seguidas, como se houvesse "receitas" prontas para pesquisas e criações artísticas.
  6. Exigem uma compreensão mais ampla de que o método é, antes de tudo, um conjunto de escolhas sobre o que e como investigar, ensinar ou construir uma dada realidade, pois o método apenas oferece diretrizes sobre os tipos de informações e como produzi-las, mas o percurso – com seus caminhos, desvios e pontos de chegada – é construído pelo pesquisador, artista ou educador.

Muitas outras justificativas poderiam ser listadas, mas acreditamos que um dossiê construído de forma coletiva, com a contribuição de diferentes pesquisadores e pesquisadoras, pode oferecer múltiplas lentes para refletirmos sobre os aspectos metodológicos no campo das Artes Visuais. Portanto, buscamos consolidar, na diversidade desses olhares e vozes, modos de pensar, fazer e educar em arte, ampliando a compreensão científica das metodologias em suas múltiplas possibilidades.

Nesse sentido,  contamos  com suas as discussões metodológicas em Artes Visuais e  contribuições com a submissão de um artigo até 30/06/2025,  no site da revista ouvirOUver,  https://seer.ufu.br/index.php/ouvirouver/about/submissions#authorGuidelines.                                       

 Desde já nossos agradecimentos,                                                                                                                                             

Elsieni Coelho da Silva (UFU)

Paulo César Antonnini Souza (UFMS)                                                                                                                                                (Editores)