Dissonâncias na sala de aula
vivências de mulheres autistas na educação básica e superior
DOI:
https://doi.org/10.14393/CEF-v38n1-2025-19Palavras-chave:
Neurodivergência, Mulheres autistas, Epistemologias feministas, Habitus dissonante, educação inclusivaResumo
Este artigo analisa as experiências educacionais de mulheres autistas na educação básica e no ensino superior, a partir de uma abordagem qualitativa, interseccional e orientada por epistemologias feministas e estudos críticos da deficiência. Através da narrativa de quatro mulheres autistas, o estudo revela como o capacitismo institucional, a normatividade neurotípica e o silenciamento epistêmico moldam trajetórias marcadas por exclusão, sofrimento sensorial e inadequação. Propõe-se o conceito de habitus dissonante como ferramenta analítica para compreender as tensões entre essas mulheres e as instituições educacionais. As narrativas evidenciam formas de resistência e anunciam possibilidades de uma educação sensível à diferença, centrada na escuta, na pluralidade e na legitimação de saberes autistas. Ao invés de reforçar a lógica da inclusão formal, se propõem uma reconfiguração radical do espaço educativo.
Referências
BAGLIERI, Susan; SHAPIRO, Arthur. Disability studies and the inclusive classroom: Critical practices for embracing diversity in education. 2. ed. New York: Routledge, 2017.
BARGIELA, Sarah; STEWARD, Robyn; MANDY, William. The experiences of late-diagnosed women with autism spectrum conditions: An investigation of the female autism phenotype. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 46, n. 10, p. 3281–3294, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10803-016-2872-8. Acesso em: 16 abr. 2025.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 7. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino. 23. ed. Petrópolis: Vozes, 2023.
BRAUN, Virginia; CLARKE, Victoria. Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, v. 3, n. 2, p. 77–101, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa. Acesso em: 16 abr. 2025.
COLLINS, Patricia Hill. Sociologia feminista negra: Saberes, consciência e a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo, 2016.
DAVIS, Lennard J. The Disability Studies Reader. 4. ed. New York: Routledge, 2013.
EREVELLES, Nirmala. Disability and difference in global contexts: Enabling a transformative body politic. New York: Palgrave Macmillan, 2011.
GARLAND-THOMSON, Rosemarie. Integrating disability, transforming feminist theory. NWSA Journal, v. 14, n. 3, p. 1–32, 2002.
GOODLEY, Dan. Dis/ability studies: Theorising disablism and ableism. New York: Routledge, 2014.
HARAWAY, Donna. Situated knowledges: The science question in feminism and the privilege of partial perspective. Feminist Studies, v. 14, n. 3, p. 575–599, 1988.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 1994.
HULL, Laura et al. "Putting on my best normal": Social camouflaging in adults with autism spectrum conditions. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 47, n. 8, p. 2519–2534, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10803-017-3166-5. Acesso em: 16 abr. 2025.
KAPP, Steven K. Autistic community and the neurodiversity movement: Stories from the frontline. New York: Palgrave Macmillan, 2020.
KERSCHBAUM, Stephanie L. Modality and difference in rhetorics of disability. College English, v. 76, n. 6, p. 525–542, 2014.
LAI, Meng-Chuan; SZATMARI, Peter. Sex and gender impacts on the behavioural presentation and recognition of autism. Current Opinion in Psychiatry, v. 33, n. 2, p. 117–123, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1097/YCO.0000000000000575. Acesso em: 16 abr. 2025.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.
MIGNOLO, Walter D. The politics of decolonial investigations. In: NAKATA, T. K. et al. (Ed.). Rethinking the postcolonial. New York: Palgrave, 2008. p. 160–187.
MOUNTZ, Alison et al. For slow scholarship: A feminist politics of resistance through collective action in the neoliberal university. ACME: An International Journal for Critical Geographies, v. 14, n. 4, p. 1235–1259, 2015.
PRICE, Margaret. Mad at school: Rhetorics of mental disability and academic life. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2021.
SCHALK, Sami. Bodyminds reimagined: (Dis)ability, race, and gender in Black women's speculative fiction. Durham: Duke University Press, 2018.
YERGEAU, Melanie. Authoring autism: On rhetoric and neurological queerness. Durham: Duke University Press, 2018.
