“Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça”
a violência física e simbólica contra a mulher na Marca Rio (2016-2018)
DOI:
https://doi.org/10.14393/CEF-v32n2-2019-13Resumo
Com base predominantemente na obra de Reis (2018) acerca da construção de marcas de cidades e na teoria performativa de gênero desenvolvida por Butler (1990), o objetivo é examinar a performatividade da mulher na identidade, na imagem e na reputação da Marca Rio entre 2016 e 2018. O argumento central aponta que, nas manifestações das evidências físicas e simbólicas da identidade da Marca Rio, a mulher é objetificada em face do agravamento da violência contra o gênero feminino na cidade no período em foco. A violência física fica clara no aumento de casos de feminicídio e de violência doméstica contra a mulher, enquanto a violência simbólica evidencia-se na participação marginal das mulheres no mercado de trabalho – no qual permanecem mal remuneradas e concentradas em funções menos valorizadas –; na sub-representação na formulação de políticas públicas no Rio de Janeiro e nas representações culturais sexualizadas da cidade, apesar da maior participação feminina na dimensão sociocultural da identidade carioca. Na imagem da cidade – formada pelos esforços de comunicação da e sobre a marca Rio –, ainda que se tenha uma maior atenção ao gênero feminino nas comunicações de serviços públicos e de engajamento, perpetua-se a quase invisibilidade da mulher nas comunicações de negócios. Os estereótipos generificados e objetificantes que situam a mulher em posições subalternas são gradualmente questionados nas comunicações de visibilidade internacional e de opinião pública, mas tais comunicações ainda se mostram incapazes de contribuir para uma efetiva eliminação de estruturas patriarcais e misóginas vigentes na cidade. Diante do desempenho insatisfatório do Rio de Janeiro no que diz respeito à igualdade de gênero, a reputação da cidade acaba sendo prejudicada quando comparada às avaliações internacionais de outras marcas de cidades. Neste recorte, verifica-se que a construção da identidade e da imagem da Marca Rio, em vários aspectos, é um processo generificado que associa o Rio de Janeiro a um status quo de manutenção e reprodução da desigualdade de gênero na cidade..
PALAVRAS-CHAVE: Marca de cidade. Rio de Janeiro. Gênero.