Do aprisionamento à liberdade

Representações linguísticas que subvertem paisagens de ódio em corpos LGBTQIA+

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/LL63-v38-2022-16

Palavras-chave:

Ideologias linguísticas, Performatividade linguística, Discurso contra hegemônico, Padrões de gênero, Corpos em assembleia

Resumo

Este artigo tem como temática central a discussão a respeito da reunião de corpos em assembleia como forma de reivindicação de direitos coletivos e de direito à existência. Nosso foco recai em como padrões linguísticos e normatizadores de corpos excluem possiblidades corporais e de língua que produzem compreensão da sexualidade, gênero, sexo e práticas sexuais. Assim, temos como objetivo compreender de que forma performances artísticas do grupo Não Recomedadxs rompem com os padrões estruturais e linguísticos de constituição das identidades de gênero. As interpretações qualitativas construídas ao longo deste artigo amparam-se nos estudos a respeito de ideologias linguísticas, performatividade linguística e de gênero. Como resultado, compreendemos que a reunião de corpos em assembleia permite a reivindicação de direitos e a contestação de padrões linguísticos e de representação dos corpos, não só afirmando suas existências, mas subvertendo o discurso de ódio, transformando-o em resistência e mostrando, assim, a fragilidade dos padrões.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANZALDÚA, G. Borderlands/ La Frontera. 2. ed. San Francisco: Aunt Lute Books, 1999.

AUSTIN, J. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre, Artes Médicas, 1990.

BLOMMAERT, J. VERSCHUEREN, J. El papel de la lengua em las ideologias nacionalistas europeas. In: SCHIEFFELIN, B.; WOOLARD, K. A.; KROSKRITY, P. V. (ed.). Ideologías linguísticas: práctica y teoria. Madri: Catarata, 2012, p. 245-275.

BLOMMAERT, J. Language Ideology. In: BROWN, K. (ed.). Encyclopedia of Language & Linguistics, v. 6, p. 510-522, 2006. https://doi.org/10.1016/B0-08-044854-2/03029-7

BORBA, R. A linguagem importa? Sobre performance, performatividade e peregrinação conceituais. Cadernos Pagu, v. 43, p. 441-474, 2014. https://doi.org/10.1590/0104-8333201400430441

BRIGGS, C. L. ‘¡Eres um mentiroso, igual que uma mujer!’ contruyendo ideologias linguísticas dominantes em los chismes de los hombres warao. In: SCHIEFFELIN, B.; WOOLARD, K. A.; KROSKRITY, P. V. (ed.). Ideologías linguísticas: práctica y teoria. Madri: Catarata, 2012. p. 297-331.

BUTLER, J. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

CAMERON, D. Gender and Language Ideologies. In: EHRLICH, S.; MEYERHOFF, M.; HOLMES, J. (ed.). The Handbook of Language, Gender, and Sexuality. Malden: Wiley-Blackwell, 2014. p. 279-296.

HOOKS, B. Linguagem: ensinar novas Linguagem: ensinar novas paisagens/novas linguagens. Tradução de Carlianne Paiva Gonçalves, Joana Plaza Pinto e Paula de Almeida Silva. Estudos Feministas, v. 16, n. 3, p. 857-864, 2008. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2008000300007

IRVINE, J. T.; GAL, S. Language ideology and linguistic differentiation. In: KROSKRITY, P. (ed.). Regimes of language: ideologies, polities, and identities. Santa Fe, NM: School of American Research Press, 2000. p. 35-83.

KROSKRITY, P. V. Language Ideologies. In: DURANTI, A. (ed.). A companion to Linguistic Anthropology. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. p. 496-517. https://doi.org/10.1002/9780470996522.ch22

KULICK, D. Ira, género, substitución linguística y las políticas de la revelacíon em un Pueblo de Papúa Nueva Gunea. In: SCHIEFFELIN, B.; WOOLARD, K. A.; KROSKRITY, P. V. (ed.). Ideologías linguísticas: práctica y teoria. Madri: Catarata, 2012. p. 118-138.

LOPES, L. P.; FABRICIO, B. F. Viagem textual pelo Sul Global: ideologias linguísticas Queer e metapragmáticas translocais. Linguagem em (Dis)curso, v. 18, n. 3, p. 769-784, 2018. https://doi.org/10.1590/1982-4017-180306-do0618

MIGNOLO, W. D. Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Trad. de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

MILROY, J. Ideologias Linguísticas e as consequências da padronização. Tradução de Marcos Bagno. In: LAGARES, X. C.; BAGNO, M. (org.). Políticas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, 2011. p. 49-87.

PINTO, J. P. Ideologias linguísticas e a instituição de hierarquias raciais. Revista da ABPN, v. 10, n. especial, p. 704-720, 2018. https://doi.org/10.1590/S0102-44502007000100001

PINTO, Joana Plaza. Da língua-objeto à práxis linguística: desarticulações e rearticulações contra hegemônicas. Linguagem em Foco, v. 2, p. 69-83, 2011.

PINTO, J. P. Conexões teóricas entre performatividade, corpo e identidade. D.E.L.T.A., v. 23, n. 1, p. 1-26, 2007.

PRATT, M. L. Arts of contact zone. Profession, p. 33-40, 1991.

SANTOS, B. de S; CHAUI, M. Direitos humanos, democracia e desenvolvimento. São Paulo: Cortez, 2013.

WOOLARD, K. A. Introduccion. Las ideologias linguísticas como campo de investigacion. In: SCHIEFFELIN, B.; WOOLARD, K. A.; KROSKRITY, P. V. (ed.). Ideologías linguísticas: práctica y teoria. Madri: Catarata, 2012. p. 19-69.

Downloads

Publicado

2022-12-31

Como Citar

FARIA, P. H. A. de. Do aprisionamento à liberdade: Representações linguísticas que subvertem paisagens de ódio em corpos LGBTQIA+. Letras & Letras, Uberlândia, v. 38, p. e3816 | 1–18, 2022. DOI: 10.14393/LL63-v38-2022-16. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/59985. Acesso em: 22 jul. 2024.