Do aprisionamento à liberdade

Representações linguísticas que subvertem paisagens de ódio em corpos LGBTQIA+

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/LL63-v38-2022-16

Palavras-chave:

Ideologias linguísticas, Performatividade linguística, Discurso contra hegemônico, Padrões de gênero, Corpos em assembleia

Resumo

Este artigo tem como temática central a discussão a respeito da reunião de corpos em assembleia como forma de reivindicação de direitos coletivos e de direito à existência. Nosso foco recai em como padrões linguísticos e normatizadores de corpos excluem possiblidades corporais e de língua que produzem compreensão da sexualidade, gênero, sexo e práticas sexuais. Assim, temos como objetivo compreender de que forma performances artísticas do grupo Não Recomedadxs rompem com os padrões estruturais e linguísticos de constituição das identidades de gênero. As interpretações qualitativas construídas ao longo deste artigo amparam-se nos estudos a respeito de ideologias linguísticas, performatividade linguística e de gênero. Como resultado, compreendemos que a reunião de corpos em assembleia permite a reivindicação de direitos e a contestação de padrões linguísticos e de representação dos corpos, não só afirmando suas existências, mas subvertendo o discurso de ódio, transformando-o em resistência e mostrando, assim, a fragilidade dos padrões.

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Publicado

2022-12-31

Como Citar

FARIA, P. H. A. de. Do aprisionamento à liberdade: Representações linguísticas que subvertem paisagens de ódio em corpos LGBTQIA+. Letras & Letras, Uberlândia, v. 38, p. e3816 | 1–18, 2022. DOI: 10.14393/LL63-v38-2022-16. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/59985. Acesso em: 22 dez. 2024.