Chamada para trabalhos (v. 41, 2025): Seção temática "Envelhecimento na Contemporaneidade: desafios e potencialidades"

2024-07-12

A sessão temática “Envelhecimento na Contemporaneidade: desafios e potencialidades” propõe ampliar o espaço de discussão sobre o envelhecer a partir da compreensão de que a discursivização de um determinado tema (des)constrói o campo de sentidos sobre ele. Com o aumento demográfico e da longevidade dessa parcela da população, além das consequentes mudanças no cenário social e político, multiplicam-se os desafios para se designar, ao mesmo tempo, um grupo indiscutivelmente heterogêneo e uma fase da vida que vem ganhando visibilidade: idoso, pessoa idosa, terceira idade, velho, melhor idade, economia prateada, idoso longevo.

Além da questão designativa, o enfrentamento da violência simbólica e material sofrida por idosos retrata a complexidade do tema. Enquanto alguns grupos adiam aposentadorias e reivindicam lugares sociais antes dificilmente ocupados por eles, outros desafiam o escárnio, como o episódio recente em uma universidade particular no interior de SP, no qual uma mulher de 40 anos, recém-ingressa em um curso universitário, foi considerada “velha demais” para tal. Há, também, episódios de violência, como aqueles relacionados ao escândalo da Prevent Senior, seguradora de saúde que responde por denúncia de alteração de prontuário médicos para maquiar mortes durante a epidemia de Covid-19, além de realização de pesquisa médica sem consentimento e distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada. Outros, ainda, enfrentam insegurança alimentar e econômica, além de maus-tratos e violência patrimonial.

Nesse contexto, questionamos: Afinal, quem pode envelhecer? Seria envelhecer um direito e desejo ainda não plenamente democratizados ou apenas o ‘destino inevitável a que estaríamos todos fadados’? Entre a busca por determinar o ‘início’ do envelhecimento para garantir seu melhor ‘tratamento’ e disputas para se definir se ‘idoso’, ‘velho’ ou ‘pessoa idosa’ seria o termo mais adequado para essa fase da vida, continuamos a rejeitá-lo do ponto de vista social e individual. Na política, na educação e na cultura, idosos ainda são descreditados e frequentemente deixados à margem da vida social. Vistos como incapazes de compreender seu tempo e de contribuir, são criticados por insistirem em ocupar lugares que seriam, suposta e historicamente por direito, de jovens. Na saúde, são objetificados em experimentos médicos e suas dores físicas e emocionais, muitas vezes, minimizadas. Como bem destacou Simone de Beauvoir (1970), o envelhecimento é “uma espécie de segredo vergonhoso do qual (ainda, acrescentamos) é indecente falar”.

À revelia, contudo, existem espaços de enfrentamento, em que simplificações do envelhecimento são colocadas em questão. Nesse sentido, além de contribuir com o debate acadêmico e científico sobre “Envelhecimento na Contemporaneidade: desafios e potencialidades”, a organização desta sessão temática se justifica pela necessidade premente de aprofundar e difundir a compreensão sobre o envelhecimento na contemporaneidade, promovendo uma reflexão crítica que possa subsidiar políticas públicas, práticas informadas de profissionais da educação e da saúde e ações comunitárias. Na trilha dessas inquietações, a proposta é reunir trabalhos que abordam o envelhecimento em suas dimensões teórico-aplicadas, políticas e clínicas, seja no campo dos estudos da linguagem, na psicologia ou nas ciências humanas. Convidamos autores que versem sobre a complexidade dos processos de envelhecimento a contribuir para expandir e tensionar saberes naturalizados, incipientes ou dispersos sobre o envelhecimento na contemporaneidade. 

Assim, a sessão temática acolherá manuscritos inéditos (artigos, resenhas, entrevistas, traduções) em torno dos seguintes eixos temáticos:

  • Políticas voltadas para o envelhecimento e suas consequências
  • Projetos de educação e de inclusão digital, cultural, social voltados para o envelhecimento
  • Decolonialidade, interseccionalidade, envelhecimento, idadismo
  • Identidade, subjetividade, envelhecimento, idadismo
  • A relação entre o normal e o patológico no contexto de envelhecimento

O processo de submissão se dará em duas etapas. A primeira, por meio do envio de um resumo anônimo, de 300 a 500 palavras, na língua em que será o manuscrito, especificando o tipo de trabalho (teórico, caso clínico, etc) que será submetido, filiação teórica, justificativa, objetivos, metodologia, se for o caso,  alguns dos resultados ou conclusões e a(s) contribuição(ões) do trabalho para a sessão temática proposta. Os resumos devem ser acompanhados das referências (as quais não entram no cômputo de palavras) e de três a cinco palavras-chave. O(s) autor(es) e a(s) autora(s) dos resumos selecionados submeterão o artigo completo, obedecendo às diretrizes do periódico, em uma segunda etapa de avaliação, conforme definido no cronograma abaixo. Todo o processo será anonimizado.

 

Cronograma

15/07 a 15/09/2024 - Abertura para submissão de resumos expandidos (300-500 palavras)

15/09 a 06/10/2024 - Avaliação resumos

07/10 a 11/10/2024 - Comunicação aos autores da avaliação dos resumos submetidos

12/10/2024 a 30/01/2025 - Prazo para submissão do artigo completo

01/02 a 30/04/2025 - Avaliação pareceristas

01/05 a 30/05/2025 - Finalização correções artigos

01/06/2025 - Publicação Sessão Temática

 

Folha de estilo disponível em: https://docs.google.com/document/d/1oCYcv7ocl2fykABNgAdUX-oqLs5jSO5x/edit?usp=share_link&ouid=111439425496763250284&rtpof=true&sd=true

 

Organizadoras

Carla N. V. Tavares (ILEEL/UFU): carlatav@ufu.br

Larissa P. Mazuchelli (ILEEL/UFU): larissa.mazuchelli@ufu.br

Sybele Macedo (Associação Clínica Freudiana): sy.macedo@gmail.com