O Colégio Santa Cruz como laboratório: a perspectiva de Yvon Lafrance (1959-1962)

Conteúdo do artigo principal

Mauro Castilho Gonçalves

Resumo

Durante a década de 1950, sob o vaticínio do Ministério da Educação brasileiro, grupos específicos de educadores, fundamentados em pedagogias renovadas, promoveram, em escolas públicas e particulares, uma cruzada a favor do que entendiam ser inovação. Chegavam ao Brasil as classes experimentais, assim definidas por inspiração ao modelo das classes nouvelles francesas. A pesquisa examinou o projeto do intelectual canadense Yvon Lafrance, realizado no colégio Santa Cruz, em São Paulo, entre 1959 e 1962. Lafrance elaborou um relatório que, em seu preâmbulo, sistematizou convicções filosóficas e pedagógicas, objeto central do exame deste artigo, que considerou a dinâmica História-Instituições-Intelectuais-Contexto, com ênfase nas proposições conceituais, derivadas do conteúdo do documento. Resulta da análise, a tese sobre uma experiência pedagógica que articulou pressupostos de um catolicismo revisto sob as bases neotomistas, aliado às intenções de modernizar o campo da didática, num contexto de reordenamento de forças e luta cultural.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Gonçalves, M. C. (2022). O Colégio Santa Cruz como laboratório: a perspectiva de Yvon Lafrance (1959-1962) . Cadernos De História Da Educação, 21(Contínua), e111. https://doi.org/10.14393/che-v21-2022-111
Seção
Dossiê 3 - A pedagogia personalizada e comunitária no espaço ibero-americano (1950-1970)
Biografia do Autor

Mauro Castilho Gonçalves, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil); Universidade de Taubaté (Brasil)

https://orcid.org/0000-0003-1074-8314
http://lattes.cnpq.br/5251617595766623
mauro_castilho@uol.com.br

Referências

ANDRADE, Jefferson Ricardo. A transformação do aspecto confessional das escolas protestantes de ensino básico na região metropolitana de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2019. 107f.

ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. Metrópole e cultura. São Paulo no meio do século XX. Bauru, SP: EDUS, 2001.

BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro e THOMÁZ, Alice Ângela. Práticas reformistas na educação brasileira: a contribuição dos irmãos Gildásio e Gilson Amado. In: Revista HISTEDBR, vol. 12, n. 46, p. 264-277. DOI: https://doi.org/10.20396/rho.v12i46.8640085

CARVALHO, José Murilo de. História intelectual no Brasil: a retórica como chave de leitura. In: Topoi, Rio de Janeiro, n. 1, p. 123-152. DOI: https://doi.org/10.1590/2237-101X001001003

CASTRO, Célia Lucia Monteiro. Classes experimentais. In: Diário de Notícias, 18 de outubro de 1959, p. 3.

CHARTIER, Roger. A mão do autor e a mente do editor. São Paulo: Editora Unesp, 2014.

CORREIO PAULISTANO. Necessário apoio do governo federal ao ginásio Santa Cruz, 21 de novembro de 1956, p. 2.

COSTA, Jean Carlo de Carvalho. Ideias, conceitos, contextos: a contribuição de Reinhart Koselleck à escrita da História da Educação. In: Rev. bras. hist. educ., vol. 17, 2017, p. 54-80. DOI: https://doi.org/10.4025/rbhe.v17n4.1003

COSTA, Jean Carlo de Carvalho e MAGALHÃES, Justino. História dos Conceitos e a Imaginação na Educação Moderna. In: Portuguese Studies Review, vol.24, 2016, p.12-29.

DALLABRIDA, Norberto. Circulação e apropriação da pedagogia personalizada e comunitária no Brasil (1950-1969). In: Educação UNISINOS, vol. 22, n. 3, jul./set. 2018, p.297-304. DOI: https://doi.org/10.4013/edu.2018.223.08

DALLABRIDA, Norberto. Circuitos e usos de modelos pedagógicos renovadores no ensino secundário brasileiro na década de 1950. In: His. Educ., vol.22, n.55, maio/ago. 2018, p.101-115. DOI: https://doi.org/10.1590/2236-3459/80587

DALLABRIDA, Norberto. The Experimental Classes: Different Secondary Education in Brazil in 1950s and 1960s. In: Espaço, Tiempo y Educación, vol.7, 2020, p.133-146. DOI: https://doi.org/10.14516/ete.263

DIÁRIO DA NOITE. Empresa imobiliária ameaça a vida dos alunos do Colégio Santa Cruz, 26 de agosto de 1959, p. 11.

DIÁRIO DA NOITE. Colégios militares lançarão classes experimentais em 1960, 18 de dezembro de 1959, p. 4.

DIÁRIO DE NOTÍCIAS. São Paulo na liderança das classes experimentais, 13 de janeiro de 1959, p. 5.

DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Colégios militares lançarão classes experimentais em 1960, 27de dezembro de 1959, p. 6.

GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história. 9ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Volume 4. Temas de cultura. Ação Católica. Americanismo e Fordismo. Edição e tradução, Carlos Nelson Coutinho; coedição, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. 3ª ed. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

GONÇALVES, Mauro Castilho. Educação, cultura e cidade. São Paulo, uma metrópole em ebulição. In: Educación y ciudad, vol. 30, 2016, p. 79-89.

JASMIN, Marcelo Gantus e FERES JR., João. (orgs.). História dos conceitos: debates e perspectivas. Rio de Janeiro: Editora da PUC-RIO; São Paulo: Loyola, 2006.

JORNAL DO DIA. Colégios militares iniciarão classes experimentais este ano, 23 de janeiro de 1960, p. 5.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado. Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. PUC-Rio, 2006.

LAFRANCE, Yvon. Uma experiência psico-pedagógica no Colégio Santa Cruz. In: Revista de Psicologia Normal e Patológica. Instituto de Psicologia da Universidade Católica de São Paulo. Ano IX, julho-dezembro de 1963, n. 3-4, p. 423-521.

LOPES, Marcos Antônio (org.). Grandes nomes da História Intelectual. São Paulo: Contexto, 2003.

MORSE, Richard. De comunidade a metrópole: a biografia de São Paulo. Tradução M. Aparecida Madeira Keberg. São Paulo: Comissão do IV Centenário, 1954.

MUSTAPHA, Samir Ahmad dos Santos e GONÇALVES, Mauro Castilho. Imprensa e a criação do ensino municipal em São Paulo: entre a opinião e a informação (1956). In: MÉTIS: História & Cultura, v.18, p.35-53, 2019. DOI: https://doi.org/10.18226/22362762.v18.n.36.02

O FLUMINENSE. Colégios militares iniciarão classes experimentais este ano, 23 de janeiro de 1960, p. 9.

OLIVEIRA, Maria Izabel de Moraes. História intelectual e teoria política: confluências. In: LOPES, Marcos Antônio (org.). Grandes nomes da História Intelectual. São Paulo: Contexto, p. 60-71.

PINTO, Diana Couto. Gildásio Amado. In: FÁVERO, Maria de Lourdes de Albuquerque e BRITTO, Jader de Medeiros. Dicionário de Educadores no Brasil. Da Colônia aos dias atuais. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ; MEC-INEP, p. 221-226.

ROCHA, Lucia Maria de Franca. Associação educação católica no Brasil: uma proposta de escola pública não-estatal (1978-1990). Tese (Doutorado em Educação: História e Filosofia da Educação). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1997. 317f.

ROSSI, Agnelo. Diretório protestante no Brasil. Campinas: Tipografia, 1938.

SCHREIBER, Stefanie. Cultura escolar no curso ginasial experimental do colégio Santa Cruz (1959-1962). Trabalho de Conclusão. (História). Centro de Ciências Humanas e da Educação, da Universidade do Estado de Santa Catarina, 2016. 76f.

SEBASTIÁN, Javier Fernández. Historia de los conceptos. Nuevas perspectivas para el estudio de los lenguajes políticos europeos. In: Ayer, vol. 48, 2002, p. 331-364.

SILVA, Daniele Húngaro e DALLABRIDA, Norberto. Circulação de artigos de Pierre Faure na Revista Servir. In: Patrimônio & Memória, vol. 16, n. 2, jul./dez. 2020, p. 175-191.

SOUZA, Tibério Storch de e DALLABRIDA, Norberto. A circulação de ideias sobre a renovação do ensino secundário brasileiro no periódico Servir (1950-19650. In: Revista Científica do UniRios, vol. 2, 2020, p. 51-68.

THOMPSON, E. Palmer. Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

TORRANO, Conrad Vilanou I. Historia Conceptual e História de la Educación. In: Hist. Educ., 25, 2006, p. 35-70.

VANDICK, L. da Nóbrega. O ensino secundário na Alemanha. In: Diário de Notícias, 1 de março de 1959, p. 2.

VIEIRA, Carlos Eduardo. Contextualismo linguístico: contexto histórico, pressupostos teóricos e contribuições para a escrita da história da educação. In: Rev. bras. hist. educ., v. 17, n. 3 (46), jul./set. 2017, p. 31-55. DOI: https://doi.org/10.4025/rbhe.v17n3.922

VIEIRA, Letícia. Classes experimentais secundárias de instituições públicas de ensino no estado de São Paulo. Um estudo sobre formas de circulação e apropriação de práticas pedagógicas (1951-1962). Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo, 2020. 305f.

VIEIRA, Letícia e CHIOZZINI, Daniel Ferraz. Luis Contier como catalisador de redes: classes experimentais e renovação do ensino secundário em São Paulo nas décadas de 1950 e 1960. In: Hist. Educ., vol.22, n.55, maio/ago. 2018, p.61-80. DOI: https://doi.org/10.1590/2236-3459/80603

VIEIRA, Fernanda Gomes e DALLABRIDA, Norberto. Cultura escolar nas classes experimentais secundárias do colégio das Cônegas de Santo Agostinho pelas memórias da professora Elza Miné (1959-1962). In: Revista Educação e Fronteiras, vol. 9, 2019, p. 222-236. DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v9i25.11103

WILLIAMS, Raymond. Palavras-chave: um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo: Boitempo, 2007.