A autoformação do escritor fora e contra a escola portuguesa: Teixeira de Pascoaes e a sublimação do génio, do Livro de memórias (1928) a Uma fábula (1952)

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Ana Luísa Fernandes Paz

Resumo

A discussão que neste artigo se procura instaurar em torno da figura mítica do poeta Teixeira de Pascoaes (1877-1952), escritor que lidera em Portugal o movimento literário do saudosismo e que ainda hoje se conhece por via dos manuais escolares, prende-se com as teses culturais que sucessivamente perpassam na sua obra sobre a autoformação do artista. Muito em particular nos seus escritos autobiográficos, Livro de memórias (1928) e Uma fábula (1952), este último apenas publicado em 1978, Teixeira de Pascoaes descreve uma escolarização incapaz de assegurar um processo de ensino-aprendizagem para a escrita literária, em particular a disciplina de Língua Portuguesa. Descreve a sua trajetória como um ‘calvário escolar’, que apenas conseguiu combater graças à própria vida literária da sua casa, o Solar de Pascoaes, num confronto direto entre cultura familiar, cultura escolar e uma série de atributos do próprio génio artístico (destino, infância prodigiosa, talento).

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Como Citar
Paz, A. L. F. . (2022). A autoformação do escritor fora e contra a escola portuguesa: Teixeira de Pascoaes e a sublimação do génio, do Livro de memórias (1928) a Uma fábula (1952) . Cadernos De História Da Educação, 21(Contínua), e072. https://doi.org/10.14393/che-v21-2022-72
Seção
Dossiê 1 - Contribuições da literatura para a História da Educação
Biografia do Autor

Ana Luísa Fernandes Paz, Universidade de Lisboa (Portugal)

http://orcid.org/0000-0003-4848-8183 
https://www.cienciavitae.pt/F112-D268-C2C3  
apaz@ie.ulisboa.pt  

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