Industriar o professor: uma cartografia dos cinematógrafos no Brasil (1910 a 1930)

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Luani de Liz Souza
Vera Lucia Gaspar da Silva

Resumo

Este texto apresenta dados que caracterizam a presença (física e retórica) e a circulação do cinematógrafo na escola brasileira. A documentação consultada permite construir (ou reconstruir) parte de uma narrativa que enaltece a modernidade e o progresso na educação através da invenção, fabricação e comercialização de um conjunto de artefatos, entre eles o cinematógrafo. Da narrativa da modernidade, fomentada pelas Exposições Universais, às alianças entre o setor educativo e a indústria que descobre na escola um grande mercado, vai-se construindo um mapa que retrata a presença de indústrias e representantes comerciais bem como, do próprio objeto na escola. Não menos importante é a formulação do Instituto de Cinema Educativo, suas funções e atividades e às relações comerciais estabelecidas com as indústrias internacionais de cinematografia. A narrativa dos conteúdos escolares estaria assim balizada por interesses da indústria e seus aliados e porta-vozes que irão defender a necessidade de industriar o professor.

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Como Citar
Souza, L. de L. ., & Silva, V. L. G. da . (2021). Industriar o professor: uma cartografia dos cinematógrafos no Brasil (1910 a 1930). Cadernos De História Da Educação, 20(Contínua), e026. https://doi.org/10.14393/che-v20-2021-26
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Vera Lucia Gaspar da Silva, Universidade do Estado de Santa Catarina (Brasil)

Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq
https://orcid.org/0000-0003-2957-5708
http://lattes.cnpq.br/8881750759405221
vera.gaspar.udesc@gmail.com

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