Zoroastras entre os baneanes da Ilha de Moçambique do século XVIII

Autores

  • Guilherme Farrer Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

DOI:

https://doi.org/10.14393/cdhis.v38n1.2025.77213

Resumo

O presente artigo defende a hipótese da presença de indivíduos zoroastras na Ilha de Moçambique setecentista, como pertencentes ao grupo social de mercadores – e seus representantes – oriundos do norte da Índia, os baneanes. Embora a presença de zoroastras seja explicitamente atestada pelas fontes de princípios do século XIX nesta localidade, as fontes do século XVIII não fazem menção explícita a indivíduos “parses” ou “parçios”. Desta forma, analisamos fontes que tratam acerca dos baneanes da ilha, mostrando que as mesmas abrangiam indivíduos de diferentes vinculações religiosas – agrupadas e obliteradas pela nomenclatura “gentios” – e que iam muito além de apenas indivíduos que hoje seriam considerados como seguidores da religião hindu. Defendemos, por fim, que a ausência a menções explícitas a indivíduos zoroastras no século XVIII, e a presença destas a princípios do século XIX, se daria pelo desinteresse da administração portuguesas em explicitar as religiões que denominavam “gentias” na Ilha de Moçambique setecentista, situação que se modificou na centúria seguinte dada a cada vez mais próxima relação entre zoroastras e o governo britânico da Índia.

PALAVRAS-CHAVE: Zoroastras; Ilha de Moçambique; Baneanes.

 

ABSTRACT

This paper defends the hypothesis of the presence of Zoroastrians individuals on the 18th century Mozambique Island among the social group of north India merchants – and their representatives –, the Banyans. Although the Zoroastrian presence is explicit on 19th century sources about the isle, Portuguese sources from the 1700s do not explicitly  mention “parses” or “parçios” individuals. Thus, this paper analyzes the sources about Mozambique Island Banyans, showing that they covered individuals from different religions – grouped and obliterated by the term “gentios” – covering far beyond of only individuals that  would be today considered as Hindus.  This paper concludes that the absence of explicit mentions to zoroastrians on the 18th century, and the presence of those mentions on the early 19th century, was due to the Portuguese administration unconcern about the religions that they called “gentias” at the 18th century Mozambique Island, something that changed at the 19th century with the increasingly near relations between Zoroastrians and the British India government.

KEYWORDS: Zoroastrians; Mozambique Island; Banyans.

Downloads

Publicado

22-07-2025

Edição

Seção

Dossiê: Pesquisa e Ensino sobre África Pré-Colonial: trânsito de populações, mercadorias e ideias

Como Citar

Zoroastras entre os baneanes da Ilha de Moçambique do século XVIII. (2025). Cadernos De Pesquisa Do CDHIS, 38(1), 194-225. https://doi.org/10.14393/cdhis.v38n1.2025.77213