Cultivar a terra
Saberes e práticas da roça entre mulheres do quilombo Itamoari (Pará)
DOI:
https://doi.org/10.14393/cdhis.v37n2.2024.75950Resumo
O artigo focaliza a comunidade negra reconhecida como remanescente de quilombo Itamoari, no município de Cachoeira do Piriá, no Pará, objetivando investigar saberes e práticas negro-indígenas na produção das roças, no plantar e manejar os recursos naturais, analisando relatos das pessoas mais velhas da comunidade e mais especificamente os conhecimentos das mulheres negras quilombolas. Assim, discutem-se as relações entre quilombolas de Itamoari e indígenas Tembé, para se evidenciar o longo processo de suas interações e trocas nas fronteiras entre o Pará e o Maranhão. A pesquisa bibliográfica direcionada às produções sobre a história dos quilombos e mocambos na Amazônia e a pesquisa de campo com realização de entrevistas semiestruturadas com membros dessa comunidade negra, remanescente de quilombo, balizaram a investigação. O processo de formação do quilombo Itamoari, em sua tradição de luta por liberdade, autonomia e atividades camponesas, foi demarcado pela r-existência negro-indígena nos dois lados do rio Gurupi, evidenciados nos relatos das quilombolas sobre saberes e fazeres na produção das roças mas também nos cultivos que asseguram tanto o sustento quanto os cuidados com o corpo na comunidade.