Ex-voto, Teatro e Direitos Humanos
“O Pagador de Promessas”, de Dias Gomes
DOI:
https://doi.org/10.14393/cdhis.v37n1.2024.73773Resumo
Na peça “O Pagador de Promessas” [1960], do teatrólogo Dias Gomes, Zé-do-Burro, para cumprir uma promessa pendente com Iansã pela cura de Nicolau, divide sua propriedade rural entre os pobres e carrega uma cruz de madeira por sessenta léguas, para depositá-la na Igreja de Santa Bárbara [Salvador, Bahia, Brasil]. Partindo da teologia como reflexão crítica da práxis histórica, investiguei a ação ex-votiva de Zé-do-Burro em “O Pagador de Promessas”, de Dias Gomes, imbricada em ex-voto, teatro e direitos humanos. No itinerário teórico-metodológico, elegi a pesquisa qualitativa, de impostação bibliográfica e documental. Zé-do-Burro e Rosa chegam à igreja de madrugada. Padre Olavo recusa-se a receber o ex-voto de Zé-do-Burro, impedindo-lhe a desobriga. No ex-terior da igreja, Zé-do-Burro é explorado por candomblecistas e jornalistas. Permanece, teimosamente, nas escadarias do espaço litúrgico católico, onde recebe apoio dos pobres, defendendo-lhe o direito de pagar a promessa. Pe. Olavo aciona a polícia, estabelecendo-se um confronto com os manifestantes — o que culmina na morte de Zé-do-Burro. Na última cena, os capoeiras entram na igreja com a cruz ex-votiva; sobre ela, o corpo de [finado] Zé-do-Burro.