Para Além de Wertham
As campanhas antiquadrinhos do pós-Segunda Guerra Mundial
DOI:
https://doi.org/10.14393/cdhis.v36n1.2023.69774Resumo
Este artigo é parte dos resultados obtidos em minha dissertação de mestrado, “O Furor dos Quadrinhos nos EUA do Pós-Guerra, 1940-1954: EC Comics e crítica social”. Defendo no artigo que a importância atribuída à figura controversa do psiquiatra Fredric Wertham, conhecido por associar revistas em quadrinhos à delinquência juvenil, no processo que levou à implementação do código dos quadrinhos é superdimensionada. Argumento que as campanhas antiquadrinhos que levaram ao código foram o resultado de conjunturas históricas específicas e de três fatores principais: (I) o clima doméstico dos EUA gerado pela Guerra Fria que temia a infiltração de ameaças externas; (II) a eclosão de problemas sociais gerados durante a Segunda Guerra Mundial, mas que eclodiram nos primeiros anos da Guerra Fria; (III) as mudanças e desenvolvimentos da indústria de quadrinhos na década do pós-guerra. Concluo que a figura de Wertham e sua teoria foi instrumentalizada por um processo político maior que buscou legitimar as campanhas antiquadrinhos com um verniz de ciência quando em realidade ela foi levada a cabo por diversos grupos diferentes - políticos, religiosos e associações civis - que se opunham às revistas por razões diversas como moralidade, política e elementos estéticos pautados no debate de alta e baixa cultura.