O revisionismo utilizado como política de governo pelo bolsonarismo
DOI:
https://doi.org/10.14393/cdhis.v34n2.2021.63378Resumo
Entre 1964 e 1985 adveio a Ditadura Militar no Brasil.
Desdobrada a partir de um Golpe Civil-Militar, contra o presidente João Goulart em 31 de março de 1964. Apoiada pelo governo estadunidense, organizada pelas Forças Armadas e setores da elite brasileira, a medida teria buscado conter o suposto avanço comunista no país. Os episódios que circundam a Ditadura Militar ocasionaram controvérsias estendidas até os dias atuais. É possível observar em discursos da sociedade civil, ou mesmo em parcelas ligadas aos meios institucionais, a defesa da construção de uma narrativa revisionista sobre esta fase da história republicana brasileira. O presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, assim como seu grupo político, são grandes entusiastas do revisionismo. Neste artigo buscaremos discutir a narrativa revisionista sobre a Ditadura Militar como um aspecto da cultura política bolsonarista, partindo da hipótese de que Bolsonaro busca criar uma versão alternativa sobre esse período da história a partir de sua visão revisionista e saudosista. Argumenta-se que a visão elogiosa ao “Regime Militar” representa uma ameaça à manutenção de uma democracia sólida no país. Por fim, as fontes documentais utilizadas no trabalho constam majoritariamente de notícias veiculadas em periódicos da imprensa brasileira e internacional entre os anos de 2011 a 2020, além de recursos audiovisuais postados no site Youtube, discursos de personalidades públicas e legislações. Todas trabalhadas a partir da metodologia de análise do discurso. No que toca aos aspectos teóricos utiliza-se a abordagem da História do Tempo Presente adjunta aos conceitos de cultura política, revisionismo e bolsonarismo, principalmente.