Pelos olhos da Justiça:
traduzindo a Interseccionalidade
DOI:
https://doi.org/10.14393/cdhis.v33n2.2020.52062Resumo
Esse texto se propõe a evidenciar como os processos sociais interseccionais marcaram as vidas, os corpos e as representações sobre duas mulheres, Clara e Januária, moradoras na região de Porto Alegre no final do século XIX. A partir do estudo das fontes criminais, encontrei dois processos muito parecidos, já que se assemelham pelas rés serem mulheres, jovens empregadas domésticas, oitocentistas, moradoras dos arredores de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul e, ainda, acusadas de cometerem o crime de furto e incêndio. Contudo, esses dois processos se distinguem pelas cores das rés, uma branca e outra negra, evidenciando o histórico processo de racismo nos corpos das mulheres negras, mas também do machismo e do sexismo, frutos do processo de ocidentalização da nossa sociedade. Portanto, esse artigo se faz necessário para os diferentes âmbitos da História Social, sendo uma importante ferramenta para compreender as relações sociais e os processos que marcam a nossa História, sob a ótica dos Estudos Feministas.