Revolução, contrarrevolução e homossexualidade em Cuba: alguns apontamentos
DOI:
https://doi.org/10.14393/cdhis.v31n1.2018.46424Resumo
Este artigo discute o conceito de "contrarrevolução" na historiografia da
Revolução Cubana, inserindo nesse campo de discussão a eliminação da
homossexualidade como objetivo político dos revolucionários, sendo os
homossexuais considerados pelo regime como contrarrevolucionários por
excelência. A ideia de contrarrevolução é ainda muito restrita a oposições
políticas contrárias à revolução (imperialismo, luta armada e organizações
políticas) negligenciando indivíduos que, malgrado não atuarem
deliberadamente contra o regime, foram combatidos como
contrarrevolucionários com base em critérios morais e sexuais. A
desconsideração dos homossexuais como contrarrevolucionários na
historiografia deve-se ao próprio silêncio existente na historiografia em
relação à perseguição homofóbica promovida pelo regime de Fidel Castro.
Dessa forma, serão abordados os critérios e atividades que têm definido o
campo dos opositores ao regime revolucionário na historiografia,
apontando para as limitações e possibilidades do termo, propondo o
alargamento do debate e aprofundando a compreensão do fenômeno, com
base no delineamento da homossexualidade como lócus
contrarrevolucionário por parte da ideologia revolucionária instaurada em
1959 em Cuba.