O corpo é a extensão da alma: um olhar foucaultiano sobre a disciplina moral da Igreja Apostólica (da Santa Vó Rosa) 1954-1970

Resumo

A proposta da pesquisa é verificar os discursos doutrinários da igreja Apostólica (da Santa Vó Rosa) e identificar, neles, aspectos que induzem a um poder disciplinar que a instituição exerce através das suas regras morais. Elas funcionam como uma tentativa de controle do corpo frente às tentações pecaminosas que o mundo oferece no tempo do fim. Na doutrina da Igreja Apostólica, o corpo é entendido como a extensão da alma, por isso deve-se discipliná-lo para mantê-lo santificado. Acredita-se que, uma vez o corpo corrompido, logo a alma também o será. A padronização das vestes, dos gestos, dos comportamentos, a escolha da leitura e música adequada, do ambiente não pecaminoso, a ênfase nos males que os vícios e jogos podem proporcionar ao corpo e à alma, entre outros, são algumas normas disciplinares que compõem a forma como os apostólicos mantêm-se santos e diferenciados do "mundo". Essas regras irradiam de um ponto central, que é a imagem, as meditações e testemunhos deixados pela Santa Vó Rosa, sendo ela uma espécie de figura escatológica, representante de Deus na terra e um exemplo de vida a ser imitado. As análises se darão a partir da perspectiva histórica crítica foucaultiana sobre a composição disciplinar apresentada pela instituição religiosa.