O fruto que restitui o fio do tempo e da identidade. Reelaboração do trauma da tortura em mulheres em Que bom te ver viva
DOI:
https://doi.org/10.14393/cdhis.v30n1.2017.40845Palavras-chave:
Ditadura militar brasileira, Tortura em mulheres, Identidade, Trauma, Testemunho.Resumo
O período da história do Brasil compreendido entre 1964 e a segunda metade da década de 1980 foi marcado por uma ditadura implementada pelas Forças Armadas mediante um golpe de Estado. Para combater um imaginário "inimigo interno", foi montada no coração do Estado uma robusta engenharia repressiva. Peça-chave ou motor, a instituição da tortura possibilitava o giro dessa engrenagem. Para além da captura de informações, a tortura objetivava expor o sujeito torturado a uma situação-limite capaz de provocar cesuras traumáticas nas possibilidades de articulação da identidade. Em 1989, contexto de redemocratização do Estado, Lúcia Murat, que fora organizada na resistência à Ditadura, lança seu primeiro filme de longa-metragem. Em Que bom te ver viva (1989) é tecida uma denúncia pública da violência da tortura em mulheres, tratando da origem do trauma e da vivência com/apesar dele. Desse modo, o presente trabalho analisa o argumento de Que bom te ver viva (1989), observando que se no evento gerador da cesura - a tortura - o controle do uso da especificidade da mulher, exprimido em uma forma de dupla punição às mulheres por transgredirem duas ordens - a do Regime Militar e do Regime patriarcal -, se encontrava nas mãos dos algozes, as possibilidades de restituição da fratura do fio identitário se deram, justamente, através da retomada deste controle, que se traduziu em uma forma específica de resistência feminina: a maternidade.Downloads
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Publicado
28-12-2017
Como Citar
Monay, A. C. (2017). O fruto que restitui o fio do tempo e da identidade. Reelaboração do trauma da tortura em mulheres em Que bom te ver viva. Cadernos De Pesquisa Do CDHIS, 30(1). https://doi.org/10.14393/cdhis.v30n1.2017.40845
Edição
Seção
Dossiê