O multívio gênero épico
Resumo
Além de nos oferecer a primeira exposição doutrinária a respeito do gênero épico, Aristóteles, em sua Poética, registrou as diferenças entre poesia e história: a primeira, no seu entendimento, volta-se para ações possíveis, plausíveis e/ou prováveis; a segunda, por sua vez, é concebida como narrativa sobre a alétheia dos acontecimentos, detendo-se no particular. Em suma, a história teria por objeto verdades desprovidas de ornamentos ou floreios linguísticos e a poesia, por ser mais filosófica e, consequentemente, universal, não precisaria se ater à sucessão cronológica dos fatos: quando trata de matérias históricas, ela o faz em detrimento da verossimilhança.1 As distinções sugeridas, no entanto, não devem ofuscar os nexos existentes entre o canto poético do aedo inspirado e as narrativas históricas registradas como fruto de testemunhos (in)diretos. Os trabalhos reunidos neste dossiê levaram em consideração os preceitos aristotélicos e analisaram diferentes epopeias com base em seus códigos linguísticos, concebendo-as como fontes promissoras, e não mais como obras de “ficção” românticas potencialmente ricas em epígrafes, como se integrassem as margens da história.
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Referências
ARISTÓTELES. Poética (edição bilíngue). São Paulo: Editora 34, 2015.
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