Formação discursiva e constituição da reexistência

a fala feminina negra no discurso midiático em tempos de pandemia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/HTP-v3n1-2021-59156

Palavras-chave:

Discurso, Reexistência, Mídia

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar a constituição da reexistência por meio da fala feminina negra inscrita na formação discursiva midiática.  Para tanto, ancora-se nas formulações teóricas da Análise do Discurso (AD) de vertente francesa, nas contribuições foucaultianas e em diálogo com os estudos étnico-raciais descoloniais. Na análise, recorremos a três enunciados coletados de um portal brasileiro de notícias on-line, em que uma mulher negra, mãe e empregada doméstica é entrevistada durante a pandemia de covid-19. Os resultados apontam para uma fala feminina negra entre a desigualdade, preconceito, discriminação e que encontra lugares de reexistência negra possível no enfrentamento às opressões. Concluímos que o discurso midiático inserido em formações discursivas reatualiza as memórias acerca dos modos de viver e morrer de grupos étnico-raciais na contemporaneidade.

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Biografia do Autor

Ady Canário de Souza Estevão, Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA

Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró/RN. Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal/RN. 

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Publicado

2021-06-15

Como Citar

CANÁRIO DE SOUZA ESTEVÃO, A. Formação discursiva e constituição da reexistência: a fala feminina negra no discurso midiático em tempos de pandemia. Revista Heterotópica, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 260–283, 2021. DOI: 10.14393/HTP-v3n1-2021-59156. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/59156. Acesso em: 23 jul. 2024.