Quem são os “moleques” e os “pivetes” nos dicionários de língua portuguesa?
Um estudo discursivo, linguístico e histórico
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v5n1-2023-68040Palabras clave:
Moleque, Pivete, Dicionário, Análise do Discurso, História das Ideias LinguísticasResumen
Este trabalho é uma análise discursiva do funcionamento dos discursos racializados a partir de entradas dos verbetes "moleque" e “pivete” em dicionários de língua portuguesa produzidos entre o séc. XVIII e o séc. XXI. O embasamento teórico está sustentado nos pressupostos da Análise do Discurso de perspectiva materialista e da História das Ideias Linguísticas. Nesse sentido, pretendeu-se analisar os deslizamentos de sentido dos verbetes tendo em vista os desdobramentos históricos da sociedade brasileira no tempo. O trabalho foi feito ao considerar dicionários como instrumentos linguísticos hegemônicos da colonização, e o racismo como componente estrutural da sociedade brasileira na história. Por fim, concluiu-se que a memória discursiva que atravessa os verbetes em questão permite a associação, ainda hoje, de discursos racializados e efeitos de sentido pejorativos associados às designações “moleque” e “pivete”.
Descargas
Citas
A situação de rua para crianças e adolescentes no Brasil de hoje. Àwúre, 2021. Disponível em: https://www.awure.com.br/a-situacao-de-rua-para-criancas-e-adolescentes-no-brasil-de-hoje/. Acesso em: 2 ago. 2022.
ALMEIDA, Sílvio. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2019.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
AULETE, Francisco Júlio de Caldas; VALENTE, Antonio Lopes dos Santos. Diccionario Contemporaneo da Lingua Portugueza. Imprensa Nacional: Lisboa, 1881.
AUROUX, Sylvain. A revolução tecnológica da gramatização. Campinas: Editora da Unicamp, 1992.
AZEVEDO, Célia Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites no século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
BARBOSA FILHO, Fábio Ramos. Ler o arquivo em análise de discurso: observações sobre o alienismo brasileiro. Caderno de Estudos Linguísticos, Campinas, v. 64, p. 1-22, e022007, 2022. DOI: https://doi.org/10.20396/cel.v64i00.8664658
BLUTEAU, Rafael; SILVA, Antonio Moraes. Diccionario da Lingua Portugueza. Lisboa, Portugal: Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1789.
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 03 set. 2022.
CAPELLANI, Ana Paula Lemos; MEGID, Cristiane Maria. Mas... O que não é possível? Efeitos das posições dos sujeitos em A Vida é Bela. In: BOLOGNINI, C. Z. (Org.). Discurso e Ensino: o cinema na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007, p. 29-35.
ERNST-PEREIRA, Aracy. A falta, o excesso e o estranhamento na constituição/Interpretação do corpus discursivo. In: Anais do IV SEAD - Seminário de Estudos em Análise do Discurso [recurso eletrônico]. Porto Alegre: UFRGS, 2009. Disponível em: http://www.analisedodiscurso.ufrgs.br/anaisdosead/sead4.html. Acesso em: 17 jul. 2022.
FIGUEIREDO, Carolina. População em situação de rua no Brasil cresce 16% de dezembro a maio, diz pesquisa. CNN Brasil, São Paulo, 10 de jun. de 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/populacao-em-situacao-de-rua-no-brasil-cresce-16-de-dezembro-a-maio-diz-pesquisa/#:~:text=Os%20dados%20s%C3%A3o%20do%20Observat%C3%B3rio,vivendo%20nas%20ruas%20do%20Brasil. Acesso em: 2 ago. 2022.
FRAGA FILHO, Walter. Mendigos, moleques e vadios na Bahia século XIX. Salvador: Edufba-HUCITEC, 1995.
GUIMARÃES, E. Sinopse sobre os Estudos Do Português no Brasil - Relatos, 1. Campinas. Unicamp, 1994. Disponível em: https://www.unicamp.br/iel/hil/publica/relatos_01.html. Acesso em: 06 ago. 2022.
GRIGOLETTO, M. Leitura e funcionamento discursivo do livro didático. In: CORACINI, M. J. (org.). Interpretação, autoria e legitimação do livro didático. Campinas: Pontes, 1999.
HOUAISS, Antônio (ed.). Pequeno dicionário enciclopédico Koogan Larousse. Larousse do Brasil: Rio de Janeiro, 1979.
LAGAZZI, Suzy. Algumas considerações sobre o método discursivo. In: O desafio de dizer não. Campinas: Pontes Editores, 1998, p. 51-57.
MODESTO, Rogério. Os discursos racializados. Revista da ABRALIN, v. 20, n. 2, p. 1-19, 2021. DOI: https://doi.org/10.25189/rabralin.v20i2.1851
MODESTO, Rogério. Mulato nos dicionários de português ou sobre o que uma palavra pode contar da mestiçagem no brasil. Revista Eletrônica Interfaces, v. 13, n. 3, p. 1-15, 2022. DOI: https://doi.org/10.5935/2179-0027.20220048
NASCENTES, Antenor. Dicionário Ilustrado da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Rio de Janeiro: Bloch Editores S/A, v. V, 1976, p. 841.
NUNES, José Horta. Dicionários: história, leitura e produção. Revista de Letras da Universidade Católica de Brasília, v. 3 n. 1, 2010
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2000.
ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 5 ed. Campinas: Pontes, 2009.
PÊCHEUX, Michel. Ler o arquivo hoje. In. ORLANDI, E. P. (org.). Gestos de leitura: da história no discurso. Trad. Bethânia S. C. Mariani et al. Campinas: Unicamp, 1994, p. 55-66.
PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Trad. Eni Puccinelli Orlandi. 5 ed. Campinas: Pontes, 2008.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni Puccinelli Orlandi et al. 5 ed. Campinas: Unicamp, 2014.
PIRES, Hindenburg da Silva. Minidicionário Ruth Rocha. São Paulo: Scipione, 2001, p. 412.
REDE NACIONAL CRIANÇA NÃO É DE RUA. Criança não é de rua, 2021. Disponível em: https://criancanaoederua.org.br/situacao-de-rua/. Acesso em: 2 ago. 2022.
REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês. São Paulo: Brasiliense, 1986.
SCOTTINI, Alfredo. Minidicionário escolar da língua portuguesa. Blumenau: Todolivro Editora, 2017, p. 419.
SILVA, Mariza Vieira da. O dicionário e o processo de identificação do sujeito-analfabeto. In: GUIMARÃES, E.; ORLANDI, E. P. (org.). Língua e cidadania: o português no Brasil. Campinas: Pontes, 1996, p. 151-162.
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Língua portuguesa. 2 ed. São Paulo: Ediouro Publicações S.A., 2000, p. 347.
ZOPPI-FONTANA, Mónica Graciela. O português do Brasil como língua transnacional. In. ZOPPI-FONTANA, M. G. (org.). O português do Brasil como língua transnacional. Campinas: Editora RG, p. 13-39, 2009.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Samille Jarallah Midlej, Pedro Arão das Mercês Carvalho, Rogério Modesto
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.