A objetivação dos trabalhadores desempregados e dos pobres em sujeitos infames e o discurso do/sobre o Auxílio Emergencial na pandemia da Covid-19
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v4n2-2022-66659Palabras clave:
Análise de Discurso, Biopoder, Desemprego, Homens Infames, VagabundosResumen
O objetivo desse artigo é compreender como se dá o processo de objetivação dos sujeitos desempregados em sujeitos infames, em enunciados destacados da declaração do ministro da economia, Paulo Guedes, sobre a prorrogação do Auxílio Emergencial. Analisamos as formas enunciativas mediante as quais o enunciado “vagabundo” foi construído na relação com essa declaração; por que ele aparece e não outros em seu lugar; como ele se relaciona com saberes que emergem do significante ociosidade, tendo em vista o domínio associativo que mantém com a oposição que se faz ao trabalhador e com a associação deste ao pobre. Para tanto, tomamos os conceitos de regularidade discursiva, biopoder e homens infames, de Michel Foucault (2003; 2008a; 2008b), e as discussões acerca do sujeito vagabundo, de Robert Castel (1993; 1998; 2000), entre outros autores. A análise abordou como o desemprego provoca a (auto)exclusão, reforçando divisões e desigualdades no interior mesmo do conjunto de sujeitos que se identificam com a subjetividade proletariada. A vagabundagem representa um problema social maior, alimentada pela instabilidade da condição salarial, representando uma ruptura entre a relação de trabalho, ao passo que a precariedade gera a exclusão. A punição para os infames também está na privação daquilo que todos podem, menos quem não merece.
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