Paternidade em tempos pandêmicos no discurso jornalístico

entre poder biopolítico e obediência/desobediência

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.14393/HTP-v3n1-2021-58575

Palabras clave:

Pandemia, Discurso jornalístico, Paternidade, Poder, Desobediência

Resumen

Neste artigo, são analisados enunciados da esfera jornalística, especificamente, reportagens e/ou notícias cujo referencial discursivo contempla as expressões sintagmáticas “pais na pandemia” e “pais separados na pandemia”. O estatuto de acontecimento discursivo conferido às séries enunciativas permite observar como o exercício da paternidade, em tempos pandêmicos, dispersa-se entre “instituições, leis, vitórias e derrotas políticas, reivindicações, comportamentos, revoltas e reações” (FOUCAULT, 2014, p. 175). É um acontecimento, porque passou a necessitar de comprovação do cumprimento de medidas sanitárias indicadas pelo saber científico para ser justificado. Soma-se a isso o fato de que, nessa produção discursiva, questões jurídicas são associadas à biopolítica, em razão do cuidado para com a saúde familiar e a coletiva. As análises dão visibilidade ao funcionamento do campo jurídico nas relações familiares, o qual se fundamenta no regime de verdade da ciência e em práticas de biopolítica. Concomitantemente a esse funcionamento do poder, materializa-se, também, a relação entre as práticas de liberdade e as de obediência/desobediência, teorizadas por Gros (2018), que são exploradas mediante seu entrelaçamento com o poder governamental, o qual vêm de encontro à investigação de retratos da subjetividade paterna, nos rastros do discurso jornalístico, ao se entrelaçar paternidade à pandemia.

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Biografía del autor/a

Pedro Navarro, Universidade Estadual de Maringá - UEM

Doutor em Letras e Linguística pela UNESP, Araraquara – SP, com estágio pós-doutoral em Linguística pela UNICAMP. Professor Associado da UEM e integrante do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PLE-UEM), na área de Linguística, com ênfase na Linha de Estudos do Texto e do Discurso. Líder do Grupo de Estudos Foucaultianos (GEF-CNPq/UEM) e Coordenador do GT – Estudos Discursivos Foucaultianos junto à ANPOLL. Pesquisador bolsista produtividade pelo CNPq.

Íngrid Lívero, Universidade Estadual de Maringá - UEM

Graduada em Letras – Português/Inglês e Respectivas Literaturas pela Universidade Estadual de Maringá. Mestranda do PLE-UEM, Linguística, na linha de Estudos do Texto e do Discurso. Integrante do GEF-CNPq/UEM.

Mônica Chagas, Universidade Estadual de Maringá - UEM

Graduada em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina e em Letras – Português/Inglês pela Unicesumar. Mestranda do PLE-UEM, Linguística, na linha de Estudos do Texto e do Discurso. Integrante do GEF-CNPq/UEM.

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Publicado

2021-06-15

Cómo citar

NAVARRO, P.; LÍVERO, Íngrid; CHAGAS, M. Paternidade em tempos pandêmicos no discurso jornalístico: entre poder biopolítico e obediência/desobediência. Revista Heterotópica, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 17–42, 2021. DOI: 10.14393/HTP-v3n1-2021-58575. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/58575. Acesso em: 24 dic. 2024.