Discurso religioso acerca do autismo

forças centrípetas e centrífugas em interações no Instagram

Autores/as

  • Jucileide Maria Oliveira Cândido Universidade Federal de Campina Grande - UFCG
  • Manassés Morais Xavier Universidade Federal de Campina Grande - UFCG

DOI:

https://doi.org/10.14393/HTP-v7n1-2025-77089

Palabras clave:

TDL, Forças centrípetas e centrífugas, Autismo, Discurso religioso

Resumen

Este artigo analisa sob a perspectiva da atuação das forças centrípetas e centrífugas uma cena enunciativa em que Pr. Washington Almeida tem fala capacitista percebida em enunciado da esfera religiosa que evidencia cosmovisões do segmento cristão evangélico acerca do autismo. Para tanto, selecionamos na plataforma Instagram no @autismobr um vídeo que replica uma cena enunciativa do supracitado pastor, bem como réplicas de internautas sobre o posicionamento/ato do líder religioso. A reflexão teórico-metodológica fundamenta-se na Teoria Dialógica da Linguagem (TDL) do Círculo de Bakhtin, sobretudo, nas considerações quanto às relações dialógicas, às vozes e às forças centrípetas e centrífugas. Também nos ancoramos em estudos sobre inclusão da pessoa com deficiência e discurso religioso. Esta análise indicou que o discurso religioso do pastor reflete e refrata uma cosmovisão cristã que revela a compreensão de que a deficiência é resultado da “condenação divina”, o que pode sugerir consumação do pecado. Entretanto, os comentários dos internautas apresentam movimentos de centralização e descentralização em relação a essa perspectiva cristã.

Biografía del autor/a

  • Jucileide Maria Oliveira Cândido, Universidade Federal de Campina Grande - UFCG

    Doutoranda e Mestre em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal de Campina Grande. Especialista em Linguística Aplicada ao ensino de Português pela Faculdades Integradas de Patos e Especialista em Língua Portuguesa: Redação e Oratória pela Faculdade São Luís. Graduada em Licenciatura Plena em Letras pela Universidade Federal da Paraíba. Membra dos Grupos de Pesquisa: Linguagem, Interação e Cultura (GELInC/UFCG) e Teorias da Linguagem e Ensino (CNPq/UFCG). Professora do quadro permanente da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba, atuando em duas instituições de ensino na cidade de Campina Grande - PB. Possui interesse e desenvolve pesquisas relacionadas à Cultura digital e à Educação, fundamentadas pelo arcabouço da Teoria Dialógica da Linguagem (Círculo de Bakhtin). E-mails: jucileide.candido1@professor.pb.gov.br e jucileide.maria@estudante.ufcg.edu.br

  • Manassés Morais Xavier, Universidade Federal de Campina Grande - UFCG

    Doutor em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba. Mestre em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal de Campina Grande. Especialista em Tecnologias Digitais na Educação, Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo e Licenciado em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Estadual da Paraíba. Realizou Estágio Pós-Doutoral em Linguística na Universidade Federal da Paraíba. Professor Adjunto III de Língua Portuguesa e Linguística na Unidade Acadêmica de Letras, Centro de Humanidades, da Universidade Federal de Campina Grande (UAL/CH/UFCG) e Professor Permanente no Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino da Universidade Federal de Campina Grande (PPGLE/UFCG). Membro dos Grupos de Pesquisa: Linguagem, Interação e Cultura (GELInC/UFCG); Teorias da Linguagem e Ensino (CNPq/UFCG); e O Círculo de Bakhtin em Diálogo (CNPq/UEPB). Desenvolve pesquisas tendo como referências teórico-metodológicas estudos da Teoria Dialógica da Linguagem (Bakhtin e o Círculo) e da Comunicação Midiática. Tem interesse por temas como ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa, interações discursivas, gêneros do discurso, cultura digital, vivências educomunicativas e educação midiática no combate à desinformação. E-mail: manasses.morais@professor.ufcg.edu.br

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Publicado

2025-09-23

Cómo citar

Discurso religioso acerca do autismo: forças centrípetas e centrífugas em interações no Instagram. Revista Heterotópica, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 170–200, 2025. DOI: 10.14393/HTP-v7n1-2025-77089. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/77089. Acesso em: 21 dec. 2025.