O intolerável da educação e a manutenção das desigualdades no discurso educacional brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v5n1-2023-68458Palavras-chave:
Discurso educacional brasileiro, Autoritarismo, DesigualdadesResumo
O artigo propõe investigar o funcionamento do autoritarismo no discurso educacional brasileiro, mais particularmente naquilo que concerne ao trabalho empreendido em prol do silenciamento das desigualdades e à sua consequente manutenção. Para tanto, tomaremos como materialidades analíticas duas propagandas do Ministério da Educação, cujas temáticas fazem referência ao Novo Ensino Médio: a primeira delas veiculada em 2017, durante o governo de Michel Temer, e a segunda em 2021, já durante o governo de Jair Bolsonaro. Filiadas aos Estudos Discursivos Foucaultianos, as análises buscam cartografar o poder regulador do autoritarismo no interior de uma ordem do discurso que apaga o cenário desigual do país, visibilizando o funcionamento de uma rede discursiva antidemocrática que se estrutura não pelo reconhecimento e pelo enfrentamento da realidade, mas por sua invenção (SCHWARCZ, 2019). O intuito será o de demonstrar que essa “invenção da realidade” relega à educação um papel mercadológico e despolitizado, uma vez que seu potencial democrático constitui, para a lógica autoritária, um mal intolerável cujos avanços devem ser refreados.
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