Paternidade em tempos pandêmicos no discurso jornalístico
entre poder biopolítico e obediência/desobediência
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v3n1-2021-58575Palavras-chave:
Pandemia, Discurso jornalístico, Paternidade, Poder, DesobediênciaResumo
Neste artigo, são analisados enunciados da esfera jornalística, especificamente, reportagens e/ou notícias cujo referencial discursivo contempla as expressões sintagmáticas “pais na pandemia” e “pais separados na pandemia”. O estatuto de acontecimento discursivo conferido às séries enunciativas permite observar como o exercício da paternidade, em tempos pandêmicos, dispersa-se entre “instituições, leis, vitórias e derrotas políticas, reivindicações, comportamentos, revoltas e reações” (FOUCAULT, 2014, p. 175). É um acontecimento, porque passou a necessitar de comprovação do cumprimento de medidas sanitárias indicadas pelo saber científico para ser justificado. Soma-se a isso o fato de que, nessa produção discursiva, questões jurídicas são associadas à biopolítica, em razão do cuidado para com a saúde familiar e a coletiva. As análises dão visibilidade ao funcionamento do campo jurídico nas relações familiares, o qual se fundamenta no regime de verdade da ciência e em práticas de biopolítica. Concomitantemente a esse funcionamento do poder, materializa-se, também, a relação entre as práticas de liberdade e as de obediência/desobediência, teorizadas por Gros (2018), que são exploradas mediante seu entrelaçamento com o poder governamental, o qual vêm de encontro à investigação de retratos da subjetividade paterna, nos rastros do discurso jornalístico, ao se entrelaçar paternidade à pandemia.
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