Notas sobre a fórmula ‘ideologia de gênero’
uma convergência política, midiática e institucional
DOI:
https://doi.org/10.14393/HTP-v2n2-2020-56607Palavras-chave:
Ideologia de gênero, Análise do discurso, Fórmula discursivaResumo
Com o intuito de analisar o sintagma “ideologia de gênero”, este artigo propõe uma análise de sua estruturação como uma fórmula discursiva, a partir da perspectiva de Alice Krieg-Planque (2010) e, também, discutir sua imbricação política, midiática e institucional. Na sociedade contemporânea, através do discurso conservador, têm proliferado diversos sintagmas e enunciados desenvolvidos para (re)designar tudo aquilo que, para os conservadores, são contrários às suas pautas. Nesse contexto, desde a divulgação dos Planos Nacionais de Educação, em que se mencionava abordagem da diversidade de gênero, tal discussão ampliou-se no espaço social e houve uma grande circulação do sintagma até os dias atuais. Desse modo, tal enunciado adquire o estatuto formulaico por dispor das propriedades fulcrais e constitutivas que compõem as fórmulas discursivas. Assim, no intento de compreender esse funcionamento, partiremos da proposição de Krieg-Plaque (2010), em que se objetiva analisar enunciados que se cristalizam no espaço político e circulam na conjuntura social. Para tanto, numa proposta discursiva, especialmente pautada nos aportes teóricos da análise do discurso de linha francesa, objetiva-se analisar a dispersão da fórmula e, a partir do discurso político, midiático e institucional, observar as significações produzidas em diferentes espaços.
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