Instrução agrícola, saúde, higiene e moralização dos costumes na Cartilha do agricultor
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este artigo apresenta uma compreensão historiográfica da Cartilha do agricultor, evidenciando aspectos de sua materialidade, circulação e apropriações no ensino agrícola. Quanto ao conteúdo, analisa instruções da agricultura científica e padrões de higienização e moralização dos costumes que a obra almejou incutir entre a população rural. Foram analisadas duas edições da cartilha, organizadas em cinco volumes, publicadas nos anos de 1969 e 1970 pela Secretaria da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul. Produzida com o intuito de atingir um público regional, a obra seguiu diferentes itinerários, alcançando leitores em outras regiões do Brasil. A cartilha pode ser compreendida como um manual de moralização de costumes e de inculcação de padrões higiênicos e, principalmente, como difusora de conhecimentos agronômicos, com o propósito de forjar um agricultor produtivo e moralizado segundo os padrões vigentes.
Downloads
Detalhes do artigo
Os trabalhos publicados são de propriedade dos seus autores, que poderão dispor deles para posteriores publicações, sempre fazendo constar a edição original (título original, Cadernos de História da Educação, volume, nº, páginas).
Referências
BOMENY, Helena Maria Bousquet. Moral, bons costumes e limites à participação cívica. Desigualdade & Diversidade – Revista de Ciências Sociais da PUC-Rio, nº 9, p. 181-192, ago/dez, 2011.
BOTO, Carlota. Aprender a ler entre cartilhas: civilidade, civilização e civismo pelas lentes do livro didático. Educação e Pesquisa. São Paulo, v.30, n.3, p. 493-511, set./dez, 2004. https://doi.org/10.1590/S1517-97022004000300009
CHARTIER, Roger. A aventura do Livro: do leitor ao navegador. São Paulo: UNESP, 1999.
CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e XVIII. 2 ed. Brasília: Editora da UnB, 1998.
CHARTIER, Roger. Formas e sentido. Cultura escrita: entre distinção e apropriação. Campinas/SP: Mercado de Letras; ALB, 2003.
CONCEIÇÃO, Joaquim Tavares da. A pedagogia de internar. História do internato no Ensino Agrícola Federal (1934-1967). 2007. São Cristóvão: Editora UFS, 2012.
CONCEICAO, Joaquim Tavares da. Perfil dos alunos internos no ensino profissional agrícola federal mantido pelo Ministério da Agricultura em Sergipe (1934-1967). Rev. Bras. Estud. Pedagog., Brasília, v.96, n.244, p.596-615, set./dez, 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S2176-6681/346413576.
CUNHA, Luiz Antônio. Sintonia oscilante: religião, moral e civismo no Brasil – 1931-1997. Cadernos de Pesquisa, v.37, n.131, p.285-302, maio/ago 2007. https://doi.org/10.1590/S0100-15742007000200004
FILGUEIRAS, Juliana Miranda. “A produção de materiais didáticos pelo MEC: da Campanha Nacional de Material de Ensino à Fundação Nacional de Material Escolar” Revista Brasileira de História. São Paulo, v.33, n.65, p.313-335, 2013. https://doi.org/10.1590/S0102-01882013000100013
KLANOVICZ, Jó. O Brasil no mundo rural doente: A construção do agricultor na literatura em dois momentos da história brasileira (1914 e 1970). Luso-Brazilian Review. University of Wisconsin Press, v.44, n.1, pp.45-60, 2007. https://doi.org/10.1353/lbr.2007.0028
MACIEL, Francisca Isabel Pereira. As cartilhas e a história da alfabetização no Brasil: alguns apontamentos. História da Educação. ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, v. 6, n. 11, p. 147-168, jan./jun., 2002.
MENDONÇA, Sônia Regina de. O ruralismo brasileiro (1888 -1931). São Paulo: HUCITEC, 1997.
NASCIMENTO, Jorge Carvalho do. Memórias do aprendizado. 80 anos de ensino agrícola em Sergipe. Maceió: Edições Catavento, 2004.
NERY, Marco Arlindo Amorim Melo. A regeneração da infância pobre sergipana no início do século XX: o Patronato Agrícola de Sergipe e suas práticas educativas. São Cristóvão. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe. UFS. 2006.
PERES, Eliane. Autoras de obras didáticas e livros para o ensino da leitura produzidos no Rio Grande do Sul: contribuições à história da alfabetização (1950-1970). Educação Unisinos. v.12, n.2, mai./ago., 2008.
Fontes
BRASIL. Decreto n° 60.731, de 19 de maio de 1967. Transfere para o Ministério da Educação e Cultura os órgãos de ensino do Ministério da Agricultura e dá outras providências. SICON (Sistema de Informações do Congresso Nacional), 1967. Disponível em:
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Acordos, contratos e convênios. MEC: Oficina Gráfica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1967.
BRASIL. Decreto-Lei nº. 869, 12 de setembro de 1969. Dispõe sobre a inclusão da Educação Moral e Cívica como disciplina obrigatória, nas escolas de todos os graus e modalidades, dos sistemas de ensino no País, e dá outras providências. Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=195811. Acesso em: 30.04.2018.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Departamento de Ensino Médio. Habilitação Básica em Agropecuária. Fundamentos, currículo, metodologia e avaliação. Brasília: MEC, 1977.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Diretoria do Ensino Agrícola. Estrutura Curricular do Ensino Agrícola. Brasília, 1970.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Colégio Agrícola Benjamin Constant. Cartão de controle de retirada de livros da Biblioteca João Ribeiro (Cartilha do agricultor, v. 5), São Cristóvão, 1978.
BRASIL. Ministério da Educação. Sistema Escola Fazenda. Brasília: SENETE, 1990.
GRANATO, Lourenço. Ensino Agrícola. São Paulo: B. Mendes & C.,1918.
Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul. Cartilha do agricultor. Porto Alegre: Edições Tabajara, 1969 (volumes 1, 2, 3, 4 e 5).
Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul. Cartilha do agricultor. Porto Alegre: Edições Tabajara, 1970 (volumes 1, 2, 3, 4 e 5).
TIMMER, Willy Johanan. Planejamento do trabalho em extensão agrícola. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura – Serviço de Informação Agrícola, 1954.
TORRES FILHO, Arthur. O ensino agrícola no Brasil. Rio de Janeiro, 1926.