A GEOGRAFIA AGRÁRIA NOS LIVROS DIDÁTICOS: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES PARA UMA CRÍTICA DO CONTEÚDO QUE SE ENSINA NA ESCOLA

Resumo

Uma das premissas do estudo ora apresentado é que os conteúdos de geografia agrária presentes nos manuais didáticos do ensino fundamental não contemplam a realidade do espaço agrário brasileiro. Para tal crítica analisamos cinco das dez coleções didáticas de Geografia aprovadas pelo PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) para o ano de 2011. Fazemos uso de um roteiro avaliativo com intuito de compreender a concepção de Geografia que se faz presente nos livros didáticos. A constatação da análise é que algumas coleções reproduzem a geografia positivista, ancorada em quantificar os produtos agropecuários produzidos nas diferentes regiões do país. As outras três coleções observadas avançam no sentido de dar prioridade às relações sociais de produção no campo, discutindo a concentração fundiária e a Reforma Agrária de forma a possibilitar questionamentos para um ensino crítico em sala de aula. Todavia, os conteúdos não são discutidos na perspectiva da totalidade espacial, separa-se a agricultura moderna da questão ambiental, a relação agricultura e indústria é tratada de forma harmônica, cometem-se erros conceituais, por exemplo: ao confundir renda capitalizada com lucro, conceituar indústria do campo como sinônimo de agroindústria. Também não se faz a distinção entre os modelos de produção agropecuários no campo que a paisagem geográfica denúncia, o agronegócio e agricultura camponesa.