Psicoterapia psicanalítica com família surdo-ouvinte:
relato de experiência em um estágio profissionalizante
Palavras-chave:
surdez, relações mãe-filho, inclusão socialResumo
No presente trabalho, objetivamos apresentar um relato de experiência em que uma família surdo-ouvinte foi acompanhada em psicoterapia no contexto de um estágio profissionalizante. Os atendimentos, psicanaliticamente orientados, ocorreram semanalmente, ao longo de um ano letivo, na clínica-escola de uma universidade no interior de Minas Gerais. A partir do relato dessa experiência, foi possível tecer reflexões clínico-teóricas sobre a dinâmica violenta desse grupo familiar e sobre a dinâmica dos atendimentos clínicos realizados com a família, que, por sua vez, descortinam a necessidade de a Psicologia clínica ser revisitada e ampliada, seja em relação à criação de enquadres clínicos diferenciados, seja na acepção de um indivíduo menos universal e mais contextualizado às questões culturais, vislumbrando práticas clínicas não fragmentadas e inclusivas.
Downloads
Referências
Andrade, C. D. (2022). Alguma poesia. Record (Original publicado em 1930).
Aguiar, L. C., Nunes, H. R., & Pereira, B. N. S. (2021). Clínica psicológica e políticas públicas: um olhar voltado para deficientes auditivos. Brazilian Journal of Health Review, 4(2), 7069-7076. https://doi.org/10.34119/bjhrv4n2-252
Aiello-Vaisberg, T. M. J. (2004). Ser e Fazer: enquadres diferenciados na clínica winnicottiana. Ideias & Letras.
Aiello-Vaisberg, T. M. J., Machado, M. C. L., Ayouch, T., Caron, R., & Beaune, D. (2009). Les récits transférentiels comme presentation du vécu clinique: une proposition méthodologique. In D. Beaune (ed.), Psychanalyse, Philosophie et Art: dialogues (pp. 39-52). L’Harmattan.
Almeida, M. P., Lima, P. M. R., & Roure, S. A. G. (2020). A escuta de sujeitos surdos na clínica psicanalítica. Analytica, 9(17), 1-23. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/analytica/v9n17/v9n17a02.pdf
Almeida, M. C. D. S., Franco, R. S., Sei, M. B., & Zanetti, S. A. S. (2016). A formação do psicólogo clínico: considerações a partir de um projeto de extensão com famílias. Revista Sul-Americana de Psicologia, 4(2), 273-297. http://ediciones.ucsh.cl/ojs/index.php/RSAP/article/view/1786/1646
Belo, F. (2020). Clínica psicanalítica on-line: breves apontamentos sobre o atendimento virtual. Zagodoni.
Brasco, P. J., & Antoni, C. (2020). Violências intrafamiliares experienciadas na infância em homens autores de violência conjugal. Psicologia, Ciência e Profissão, 40, 1-16. https://www.scielo.br/j/pcp/a/YJwQFmgtd7vL3CD7xLCgD8c/?format=pdf&lang=pt
Brito, C. V., & Neto, A. N. (2018). As múltiplas transferências e o manejo do setting nas consultas com pais no tratamento de crianças e de adolescentes: uma contribuição. Jornal de Psicanálise, 51(95), 119-134. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/jp/v51n95/v51n95a10.pdf
Buzar, E. A. S. (2015). Da libras ao silêncio: implicações do olhar winnicottiano aos sujeitos surdos em sofrimento psíquico grave. (Tese de Doutorado em Psicologia). Universidade de Brasília, Brasília.
Camargos, G. S., & Ávila, L. A. (2019). A interface da Psicologia com a surdez: uma revisão sistemática. Revista de Psicologia, 10(2), 202-216. http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/32445
Camargos, G. S., & Ávila, L. A. (2021). Análise de processos de formação de quadros psíquicos de surdos congênitos em psicoterapia. Revista de Psicologia, 12(2), 56-74. https://doi.org/10.36517/revpsiufc.12.2.2021.4
Campello, F. (2017). Crítica e patologia social: ambivalências da relação entre Psicanálise e Teoria Social. Dissertatio, 46, 3-23. https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/dissertatio/article/view/10521
Casarin, S. T., & Porto, A. R. (2021). Relato de experiência e estudo de caso: algumas considerações. Journal of Nursing and Health, 11(2). https://doi.org/10.15210/jonah.v11i4.21998
Castanho, P. (2018). Uma introdução psicanalítica ao trabalho com grupos em instituições. Linear A-barca.
Cruz, A. C. S., Francisco, G. S. A. M., Ribeiro, R. Q., & Marques, T. F. (2021). Formação surda em Psicologia: que vozes estamos ouvindo? Brazilian Journal of Development, 7(5), 45735-45747. https://doi.org/10.34117/bjdv.v7i5.29439
Favero, S., & Kveller, D. B. (2022). Adjetivar a Psicologia? Estudos e Pesquisas em Psicologia, 22 (número especial), 1499-1517. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/71758/44253
Féres-Carneiro, T., & Neto, (2012). Entrevista familiar: Técnicas de escuta e investigação. Em M. N. Baptista & M. L. M. Teodoro (Orgs.), Psicologia da família: teoria, avaliação e intervenção (pp. 176-194). Posto Alegre: Artmed.
Ferreira Junior, J. L. F., Bezerra, H. J. S., Alves, E. de O. (2021). Atendimento psicológico à pessoa surda por meio da libras no Brasil: uma revisão da literatura. Psicologia Clínica, 33(3), 537-556. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652021000300009
Freud, S. (1996). Linhas de progresso na terapia psicanalítica. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, volume XVII. (J. Strachey, Trad.). (pp. 173-181). Imago. (Original publicado em 1918).
Hegenberg, M. (2004). Psicoterapia breve. Casa do Psicólogo.
Herrmann, F. (2015). O que é Psicanálise: para iniciantes ou não... Blucher.
Kaës, R. (2011). O complexo fraterno. (L. E. M. Orth, Trad.). Ideias & Letras.
Klein, M. (1997). A psicanálise de crianças. (L. P. Chaves, Trad.). Imago. (Originalmente publicado em 1932).
Knight, T. (2018). Social identity in hearing youth who have deaf parents. International Journal of Business and Social Science, 9(9), 1-12. https://ijbssnet.com/journals/Vol_9_No_9_September_2018/1.pdf
Lamberg, D. T., & Oliveira, G. T. S. (2017). Mulheres surdas e a violência de gênero. [Texto Completo]. In Universidade Federal de Santa Catarina (org.), Anais do 11 Seminário Internacional Fazendo Gênero (pp, 1-10). Florianópolis: UFSC.
Minuchin, S., Nichols, M. P., & Lee, W-Y. (2009). Famílias e casais: Do sintoma ao sistema. (J. D. Mello, Trad.). Artmed.
Monteiro, R., Silva, D. N. H., & Ratner, C. (2016) Surdez e diagnóstico: Narrativas de surdos adultos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 32(n. especial), 1-7. https://doi.org/10.1590/0102-3772e32ne210
Monteiro, R. M. G. (2020). “Tenho pais surdos, e agora?”. Trajetórias de ouvintes filhos de surdos. (Tese de Doutorado em Psicologia). Universidade de Brasília, Brasília.
Mussi, R. F. F., Flores, F. F., & Almeida, C. B. (2021). Pressupostos para a elaboração de relato de experiência como conhecimento científico. Revista Práxis Educacional, 17(48), 60-77. https://doi.org/10.22481/praxisedu.v17i48.9010
Nascimento, A. L., Monteschio, B. A. F., & Silva, L. M. (2020). O atendimento a mulheres com deficiência auditiva em situação de violência doméstica: relato de experiência. [Texto Completo]. In Universidade Estadual de Londrina (org.), Anais do VI Simpósio Gênero e Políticas Públicas (pp.774-786). Londrina: UEL.
Neves, J. T. P. (2018). Psicoterapia psicanalítica com pacientes surdos: um estudo qualitativo sobre características e adaptações técnicas da prática. (Dissertação de Mestrado em Ciências Médicas). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Papin, S. (2021). Autoetnografia de una vivencia CODA, Children of deaf adult. Quaderns de Psicologia, 23(1), 1-21. https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1714
Passarini, G. M. R., & Almeida, M. M. (2021). Reincidências traumáticas e elasticidade da técnica psicanalítica no trabalho com crianças e pais. Revista de Psicanálise da SPPA, 28(2), 271-291. https://revista.sppa.org.br/RPdaSPPA/article/view/passarini_mendesdealmeida
Pitliuk, L. (2022). A sustentação de uma clínica psicanalítica em-linha (on-line). Escuta.
Santos Filho, P. L. (2020). Experiências vividas por filhas ouvintes e pais surdos: Uma família, duas línguas. (Tese de Doutorado em Educação) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.
Severo, C. T. Santos, B. T. M. Q., Severo, A. A., Pereira, M. M., Oliveira, L. M., Monteiro, G. M. C., Bastos, T., Laskoski, P. B., & Hauck, S. (2021). Abordagens de psicoterapia para pessoas com deficiência: revisão da literatura. Revista Brasileira de Educação especial, 27, 427-444. https://doi.org/10.1590/1980-54702021v27e0151
Silva, E. P. & Lucas, M. G. (2020). Relação entre irmãos: a percepção do primogênito. Pensando Famílias, 24(1), 144-159. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v24n1/v24n1a11.pdf
Silva, K. C. (2018). O cuidado em Winnicott: do desenvolvimento emocional ao setting analítico. (Dissertação de Mestrado em Psicologia Social). Universidade Federal do Sergipe, São Cristóvão.
Silva, M. N., & Vieira, E. D. (2020). Clínica psicológica e sofrimentos sociais. Perspectivas em Psicologia, 24(1), 1-19. https://seer.ufu.br/index.php/perspectivasempsicologia/article/view/50948/30401
Solé, M. C. P. (2005). O sujeito surdo e a psicanálise: uma outra via de escuta. Editora da UFRGS.
Viana, P. P. S., & Tomasi, A. R. G. (2020). A participação da família ouvinte no desenvolvimento da criança surda: relato de uma experiência. Brazilian Journal of Health Review, 3(6),
-18302.https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/21420/17095
Winnicott, D. W. (1983). Da dependência à independência no desenvolvimento do indivíduo. In: D. W. Winnicott. O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional (I. C. S. Ortiz, Trad). (pp. 79-87). Artes Médicas (Original publicado em 1963).
Wisniewska, D. (2019). Psychological and ethical contexts of diagnosis of hearing children of deaf parents. Educational Psychology,15 (special issue), 242-251.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Miriam Tachibana, Brunna Pereira Moreira, Laura Gonçalves Alves
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
