Sobre as funções e a materialidade linguística da ficção
Homeostase, affordances, relevância
DOI:
https://doi.org/10.14393/LL63-v35n1a2019-2Palavras-chave:
funções da ficção, affordances, relevância, homeostaseResumo
Proposição da homeostase, conforme definida por António Damásio, como função dominante da ficção. Proposição do prazer na leitura como explicação do interesse pela literatura; explicação desse prazer como resultado da homeostase proporcionada pela leitura. Seguindo Damásio, compreenderemos a homeostase como um tipo de equilíbrio psíquico proporcionado pela experiência da arte, que permite, no decorrer da sua fruição, que indivíduos e coletividades processem problemas sociais ainda não propriamente interpretados e nomeados. Como esse equilíbrio não é apenas conscientemente processado, é preciso explicar como os componentes semânticos nele implicados podem se efetivar infraconscientemente; para tanto, recorremos aos conceitos de affordances e relevância. Inspirados pela apropriação de Terence Cave da proposição original de James J. Gibson, propomos que affordances textuais orientam o leitor na postura assumida diante do texto. Quanto à teoria da relevância de Dan Sperber e Deirdre Wilson, ela nos inspira a propor os modos pelos quais os conteúdos textuais produzem o equilíbrio homeostático proposto como função da ficção. Ao final, discutimos a extensão da nossa teorização e os possíveis limites à sua universalização.
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