CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE ALIMENTAR DE VAREJO E IDENTIFICAÇÃO DE DESERTOS E PÂNTANOS ALIMENTARES EM UM MUNICÍPIO DE MÉDIO PORTE NO BRASIL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/Hygeia2172623

Palavras-chave:

Ambiente alimentar, Desertos alimentares, Pântanos alimentares, Estudos ecológicos

Resumo

Objetivo: Classificar o ambiente alimentar de varejo em categorias do Guia Alimentar para a População Brasileira e, também em pântanos e desertos alimentares, além de analisar a associação com características sociodemográficas dos setores censitários de uma cidade de médio porte da região do Sudeste do Brasil. Método: Trata-se de um estudo ecológico realizado com 128 setores censitários da região urbana da cidade de Lavras, no ano de 2022. As informações do ambiente alimentar de varejo foram obtidas a partir de dados secundários da gestão pública e classificadas como: estabelecimentos que vendem predominantemente alimentos in natura ou minimamente processados, estabelecimentos mistos, estabelecimentos que comercializam alimentos predominantemente ultraprocessados. Os desertos e pântanos alimentares foram identificados, respectivamente, pela densidade de estabelecimentos saudáveis e não saudáveis por habitantes. As condições socioeconômicas e demográficas dos setores censitários foram avaliadas pelas variáveis renda, número de domicílios, população, número de indivíduos alfabetizados, cor ou raça e acesso a serviços essenciais. Resultados: O varejista com maior frequência no município foi o do tipo misto (58,4%), seguido dos ultraprocessados (28,9%). Os estabelecimentos in natura estiveram em menor número no tercil de renda mais baixo (p=0,01). Os desertos alimentares foram encontrados em 25,0% dos setores censitários, bem como apresentaram um maior número de pessoas que se autodeclararam pretas e/ou pardas (p=0,03) e uma menor renda per capita (p=0,02). Conclusão: Conclui-se que o ambiente alimentar de varejo se associou às condições demográficas e socioeconômicas e revelaram desigualdades sociais.

Downloads

Biografia do Autor

  • Ana Clara da Cruz Della Torre, Universidade Federal de Lavras

    Residente em Saúde da Família plea Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG). Pós-graduanda em Nutrição Materno-infantil (IPGS). Mestre em Nutrição e Saúde pela Universidade Federal de Lavras (MG). Nutricionista pela UNIFAL-MG.

  • Wellington Segheto, Universidade Federal de Lavras

    Graduação em Licenciatura e Bacharelado em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa (1996), mestrado em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu (2010), doutorado em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa (2015) e doutorado em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa (2021). Pós-doutorado concluído na Universidade Federal de Viçosa e Universidade Nove de Julho e Pós-doutorado em andamento na universidade Federal de Lavras. 

  • Olivia Souza Honório, Universidade Federal de Ouro Preto

    Nutricionista na Prefeitura Municipal de Ubá e professora adjunto no Centro Universitário Governador Ozanam Coelho (UNIFAGOC). Graduada pela Universidade Federal de Juiz de Fora no ano de 2016. Pós graduada em Nutrição Clínica e Desportiva, pela UniRedentor no ano de 2018. Mestre em Nutrição e Saúde (UFMG), na linha de pesquisa Nutrição e Saúde Pública. Doutora em Saúde e Nutrição pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). 

  • Monique Louise Cassimiro Inácio, Universidade Federal de Ouro Preto

    Doutora em Saúde e Nutrição pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) (2024) e mestre em Ciências pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) (2019). Possui graduação em Nutrição (2017) pela mesma instituição e período de graduação sanduíche (Programa Ciência sem Fronteiras) pela Auburn University (2013-2014). 

  • Maysa Helena de Aguiar Toloni, Universidade Federal de Lavras

    Nutricionista. Doutora em Ciências pela Disciplina de Nutrologia/Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (2013). Doutorado-sanduíche na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto - Portugal (2012). Mestre em Ciências pela Disciplina de Nutrologia/Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (2010). Especialista em Saúde, Nutrição e Alimentação Infantil pela Universidade Federal de São Paulo (2008). Graduação em Nutrição pela Universidade Federal de Alfenas (2006). 

  • Daniela Braga Lima, Universidade Federal de Alfenas

    Graduação em Nutrição pela Universidade Federal de Ouro Preto- UFOP/MG (1997), especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo (2000), mestrado em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa- UFV/MG (2006) e doutorado em Ciências pelo Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da USP/SP (2014).

Referências

ALMEIDA, Luciene Fátima Fernandes et al. Socioeconomic Disparities in the Community Food Environment of a Medium-Sized City of Brazil. Journal of the American College of Nutrition, v. 40, n. 3, p. 253–260, 2021. https://doi.org/10.1080/07315724.2020.1755911

ARAÚJO, Melissa Luciana et al. Características do ambiente alimentar comunitário e do entorno das residências das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, n. 2, p. 641–651, 2022. https://doi.org/10.1590/1413-81232022272.38562020

BEAULAC, Julie; KRISTJANSSON, Elizabeth; CUMMINS, Steven. A Systematic Review of Food Deserts, 1966-2007. Preventing Chronic Disease, v. 6, n. 3, 2009.

BRASIL. Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional- LOSAN . 11.346 de 15 set. 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. 15 set. 2006. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.htm. Acesso em: 21 maio 2023.

BRASIL. Portaria MPOG no 467, de 20 de novembro de 2002. Aprova Regimento Interno da Comissão Nacional de Classificação. 21 nov. 2002. Disponível em: https://concla.ibge.gov.br/images/concla/resolucoes_e_atas/Portaria%20467_2011.pdf. Acesso em: 20 jun. 2022.

BRIDLE-FITZPATRICK, Susan. Food deserts or food swamps: a mixed-methods study of local food environments in a Mexican city. Soc Sci Med, v. 142, p. 202–213, 2015. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2015.08.010

CAISAN, Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Mapeamento dos Desertos Alimentares no Brasil: estudo técnico. Brasília, DF: Secretaria Executiva da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional Ministério do Desenvolvimento Social, 2018. Disponível em: https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/noticias/arquivos/files/Estudo_tecnico

CDC. Census tract level state maps of the modified food environment index (mRFEI)., 2011. Disponível em: https://stacks.cdc.gov/view/cdc/61367. Acesso em: 19 maio 2023.

COLLINS, Shalean M. et al. “I know how stressful it is to lack water!” Exploring the lived experiences of household water insecurity among pregnant and postpartum women in western Kenya. Global public health, v. 14, n. 5, p. 649, 2019. https://doi.org/10.1080/17441692.2018.1521861

COOKSEY-STOWERS, Kristen; SCHWARTZ, Marlene B.; BROWNELL, Kelly D. Food Swamps Predict Obesity Rates Better Than Food Deserts in the United States. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 14, n. 11, p. 1366, 2017. https://doi.org/10.3390/ijerph14111366

COSTA, Lorena Vieira et al. Fatores associados à segurança alimentar nos domicílios brasileiros em 2009. Economia e Sociedade, v. 23, n. 2, p. 373–394, 2014. https://doi.org/10.1590/S0104-06182014000200004

DOWNS, Shauna M. et al. Food Environment Typology: Advancing an Expanded Definition, Framework, and Methodological Approach for Improved Characterization of Wild, Cultivated, and Built Food Environments toward Sustainable Diets. Foods, v. 9, n. 4, p. 532, 2020. https://doi.org/10.3390/foods9040532

DURAN, A. C. et al. Neighborhood socioeconomic characteristics and differences in the availability of healthy food stores and restaurants in Sao Paulo, Brazil. Health & place, v. 23, p. 39–47, 2013. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2013.05.001

ELIZABETH, Leonie et al. Ultra-Processed Foods and Health Outcomes: A Narrative Review. Nutrients, v. 12, n. 7, p. 1–36, 2020. https://doi.org/10.3390/nu12071955

FORTES, Mariana Fernandes et al. Mapeando as desigualdades socioeconômicas na distribuição do comércio varejista local. Segurança Alimentar e Nutricional, v. 25, n. 3, p. 45–58, 2018. https://doi.org/10.20396/san.v25i3.8651966

GLANZ, Karen et al. Healthy Nutrition Environments: Concepts and Measures. Am J Health Promot, v. 19, n. 5, p. 330–333, 2005. https://doi.org/10.4278/0890-1171-19.5.330

GORDON, Cynthia et al. Measuring food deserts in New York City’s low-income neighborhoods. Health & Place, v. 17, n. 2, p. 696–700, 2011. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2010.12.012

GRILO, Mariana Fagundes; MENEZES, Caroline de; DURAN, Ana Clara. Mapeamento de pântanos alimentares em Campinas, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, n. 7, p. 2717–2728, 2022. https://doi.org/10.1590/1413-81232022277.17772021

HAGER, Erin R. et al. Food swamps and food deserts in Baltimore City, MD, USA: associations with dietary behaviours among urban adolescent girls. Public Health Nutrition, v. 20, n. 14, p. 2598, 2017. https://doi.org/10.1017/S1368980016002123

HOFFMANN, Rodolfo. Brasil, 2013: mais segurança alimentar. Segurança Alimentar e Nutricional, v. 21, n. 2, p. 422–436, 2014. https://doi.org/10.20396/san.v21i2.8634472

HONÓRIO, Olivia Souza et al. Food deserts and food swamps in a Brazilian metropolis: comparison of methods to evaluate the community food environment in Belo Horizonte. Food Security, v. 14, n. 3, p. 695–707, 2022. https://doi.org/10.1007/s12571-021-01237-w

HONÓRIO, Olivia Souza et al. Social inequalities in the surrounding areas of food deserts and food swamps in a Brazilian metropolis. International Journal for Equity in Health, v. 20, n. 1, p. 1–8, 2021. https://doi.org/10.1186/s12939-021-01501-7

IBGE. Censo Brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.

IBGE. IBGE | Cidades@ | Minas Gerais | Lavras | Panorama. [S. l.], 2023. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/lavras/panorama. Acesso em: 17 abr. 2023.

IBGE. Metodologia do censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2013.

IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2022. v. 49 Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101979. Acesso em: 26 out. 2023.

JAIME, Patricia Constante et al. Investigating environmental determinants of diet, physical activity, and overweight among adults in Sao Paulo, Brazil. Journal of Urban Health, v. 88, n. 3, p. 567–581, 2011. https://doi.org/10.1007/s11524-010-9537-2

LEITE, Fernanda Helena Marrocos et al. Association of neighbourhood food availability with the consumption of processed and ultra-processed food products by children in a city of Brazil: a multilevel analysis. Public health nutrition, v. 21, n. 1, p. 189–200, 2018. https://doi.org/10.1017/S136898001600361X

LEITE, Maria Alvim et al. Inequities in the urban food environment of a Brazilian city. Food Security, v. 13, n. 3, p. 539–549, 2021a. https://doi.org/10.1007/s12571-020-01116-w

LOPES, Aline Cristine Souza; DE MENEZES, Mariana Carvalho; DE ARAÚJO, Melissa Luciana. O ambiente alimentar e o acesso a frutas e hortaliças: “Uma metrópole em perspectiva”. Saúde e Sociedade, v. 26, n. 3, p. 764–773, 2017. https://doi.org/10.1590/s0104-12902017168867

LUAN, Hui; LAW, Jane; QUICK, Matthew. Identifying food deserts and swamps based on relative healthy food access: a spatio-temporal Bayesian approach. International Journal of Health Geographics, v. 14, n. 1, p. 37, 2015. https://doi.org/10.1186/s12942-015-0030-8

MENEZES, Mariana Carvalho et al. Web Data Mining: Validity of Data from Google Earth for Food Retail Evaluation. Journal of Urban Health, v. 98, n. 2, p. 285–295, 2021. https://doi.org/10.1007/s11524-020-00495-x

NASCIMENTO, Glaucia Pereira do. A racialização do espaço urbano da cidade de Curitiba - PR. Geografia Ensino & Pesquisa, v. 25, p. e24–e24, 2021. https://doi.org/10.5902/2236499446911

NOVAES, Taiane Gonçalves et al. Availability of food stores around Brazilian schools. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, n. 6, p. 2373–2383, 2022. https://doi.org/10.1590/1413-81232022276.19372021

PHILLIPS, Aryn Z.; RODRIGUEZ, Hector P. U.S. county “food swamp” severity and hospitalization rates among adults with diabetes: A nonlinear relationship. Social Science & Medicine, v. 249, p. 112858, 2020. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2020.112858

PNUD; IPEA; FJP. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM: Metodologia. Brasília, 2015.

POPKIN, B. M.; REARDON, T. Obesity and the food system transformation in Latin America. Obesity reviews, v. 19, n. 8, p. 1028–1064, 2018. https://doi.org/10.1111/obr.12694

RITTER, Patricia I. The Hidden Role of Piped Water in the Prevention of Obesity in Developing Countries. Experimental and Non-Experimental Evidence. 2019. Disponível em: http://repec.org. Acesso em: 14 jun. 2023.

SILVA, Erick et al. Segurança alimentar de famílias extrativistas de açaí na Amazônia oriental brasileira: o caso da Ilha das Cinzas. Novos Cadernos NAEA, v. 24, n. 2, 2021. https://doi.org/10.5801/ncn.v24i2.8193

SILVA, Silvana Oliveira da et al. A cor e o sexo da fome: análise da insegurança alimentar sob o olhar da interseccionalidade. Cadernos de Saúde Pública, v. 38, p. e00255621, 2022. https://doi.org/10.1590/0102-311xpt255621

STEEVES, Elizabeth Anderson; MARTINS, Paula Andrea; GITTELSOHN, Joel. Changing the Food Environment for Obesity Prevention: Key Gaps and Future Directions. Current obesity reports, v. 3, n. 4, p. 451, 2014. https://doi.org/10.1007/s13679-014-0120-0

TESTA, Alexander et al. Food deserts and cardiovascular health among young adults. Public Health Nutrition, v. 24, n. 1, p. 117, 2021. https://doi.org/10.1017/S1368980020001536

U.S. DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Food Environment Atlas, 2020. Disponível em: https://www.ers.usda.gov/data-products/food-environment-atlas/go-to-the-atlas/. Acesso em: 29 jul. 2024.

VEDOVATO, G. M. et al. Degree of food processing of household acquisition patterns in a Brazilian urban area is related to food buying preferences and perceived food environment. Appetite, v. 87, p. 296–302, 2015. https://doi.org/10.1016/j.appet.2014.12.229

VILCINS, Dwan; SLY, Peter D.; JAGALS, Paul. Environmental Risk Factors Associated with Child Stunting: A Systematic Review of the Literature. Annals of Global Health, v. 84, n. 4, p. 551, 2018. https://doi.org/10.29024/aogh.2361

WALKER, Renee E.; KEANE, Christopher R.; BURKE, Jessica G. Disparities and access to healthy food in the United States: A review of food deserts literature. Health & Place, v. 16, n. 5, p. 876–884, 2010. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2010.04.013

WILKINS, Emma L. et al. Examining the validity and utility of two secondary sources of food environment data against street audits in England. Nutrition Journal, v. 16, n. 1, p. 1–13, 2017. https://doi.org/10.1186/s12937-017-0302-1

YOUNG, Sera L. et al. Perspective: The Importance of Water Security for Ensuring Food Security, Good Nutrition, and Well-being. Advances in Nutrition, v. 12, n. 4, p. 1058–1073, 2021. https://doi.org/10.1093/advances/nmab003

Downloads

Publicado

20-01-2025

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

TORRE, Ana Clara da Cruz Della; SEGHETO, Wellington; HONÓRIO, Olivia Souza; INÁCIO, Monique Louise Cassimiro; TOLONI, Maysa Helena de Aguiar; LIMA, Daniela Braga. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE ALIMENTAR DE VAREJO E IDENTIFICAÇÃO DE DESERTOS E PÂNTANOS ALIMENTARES EM UM MUNICÍPIO DE MÉDIO PORTE NO BRASIL. Hygeia - Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, Uberlândia, v. 21, p. e2105, 2025. DOI: 10.14393/Hygeia2172623. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/hygeia/article/view/72623. Acesso em: 16 mar. 2025.