ESTUDO DA CONDIÇÃO HIPERENDÊMICA DA HANSENÍASE EM PALMAS, TO
DOI:
https://doi.org/10.14393/Hygeia1859501Palavras-chave:
Hanseníase, Doença Endêmica, EpidemiologiaResumo
O presente estudo objetiva caracterizar o surgimento e a evolução da hanseníase em Palmas, capital do estado do Tocantins, até o ano de 2000, quando foram identificados os primeiros casos em acompanhamento, e de 2001 a 2018, já em ambiente com hiperendemicidade. Trata-se de uma análise epidemiológica, ancorada na sistematização de dados secundários publicamente disponíveis, seguida de exame qualitativo, tanto com relação ao surgimento como à evolução da endemia nessa capital. Em Palmas, bem como no Tocantins, a hanseníase apresenta índices hiperendêmicos. O estado do Tocantins é a mais nova unidade federativa brasileira, estabelecida, juntamente com a sua capital, em 1989, quando da divisão do estado de Goiás e da emancipação política do antigo Norte Goiano, com sua inserção na região Norte do país, onde a hanseníase já era relevante problema de saúde. Apesar dos poucos dados até 2000, evidenciam-se índices agravados pelas falhas na política de controle e pelo expressivo crescimento demográfico de Palmas, que passa a atrair populações migrantes do próprio Tocantins e de outros estados da federação, sobretudo das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, que apresentavam os maiores índices de hanseníase no país, contribuindo para o aumento dos casos alóctone nessa capital. Tais fatos resultaram na evolução e na manutenção da cadeia de transmissão da hanseníase em Palmas, conformando o grau de endemicidade desse ambiente, com transmissão persistente desde a sua criação, apesar do protocolo terapêutico de cura, com acesso público. Trata-se, portanto, da produção social da endemia, que persiste como grave problema de saúde pública em Palmas e no Tocantins.