Cinema educativo entre o documentário e a ficção

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André Luiz Paulilo
Anderson Ricardo Trevisan

Resumo

O cinema educativo foi experiência efêmera na história da cinematografia brasileira, mas fundamental à compreensão, senão dos primórdios das políticas para o setor no país, ao menos, de um capítulo fundamental das práticas de filmagem dos diretores. Da fronteira entre a ficção e o documentário e entre a política de patrocínio público e a criação autoral, o presente ensaio pretende explorar esse já bem cuidado tema da historiografia que é o cinema educativo. A partir de revisão bibliográfica, pesquisa documental e fílmica, e amparado numa bibliografia interdisciplinar que se assenta primordialmente na História Cultural e na Sociologia da Cultura, o principal escopo do artigo foi relacionar as produções dirigidas por Humberto Mauro no INCE ao ambiente de discussão das políticas de controle do cinema nos anos 1930. Pareceu-nos fundamental a esse exercício de interpretação também considerar os diferentes itinerários do cinema no debate público dos anos 1920 e 1930, uma vez que se toma por hipótese aqui que Humberto Mauro foi um realizador capaz de embaçar as fronteiras entre o ficcional e o documentário, entre o comercial e o educativo, o que o torna personalidade singular nessa história.

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Como Citar
Paulilo, A. L., & Trevisan, A. R. (2023). Cinema educativo entre o documentário e a ficção. Cadernos De História Da Educação, 22(Contínua), e165. https://doi.org/10.14393/che-v22-2023-165
Seção
Artigos
Biografia do Autor

André Luiz Paulilo, Universidade Estadual de Campinas (Brasil)

https://orcid.org/0000-0001-8112-8070
http://lattes.cnpq.br/8813317661046448
paulilo@unicamp.br

Anderson Ricardo Trevisan, Universidade Estadual de Campinas (Brasil)

https://orcid.org/0000-0002-8174-8699
http://lattes.cnpq.br/0855602056725085
detrevis@unicamp.br

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