Por que a derrubada de estátuas não deveria incomodar os historiadores? Tempo, anacronismo e disputas pelo passado
DOI:
https://doi.org/10.14393/artc-v24-n44-2022-66583Palabras clave:
estátuas, tempo, anacronismoResumen
Nos últimos anos, inúmeras ações iconoclastas elegeram como alvos está- tuas e monumentos que prestam homenagem a indivíduos e acontecimentos relacionados a memórias sensíveis de passados traumáticos, aqueles que parecem não passar, e que mobilizam múltiplos sentidos e afetos no presente. São momentos nos quais grupos organizados reivindicam a destituição de uma certa ordem memorial, tida como perpetuadora de desigualdades e de opressões, através de interven- ções diretas sobre o espaço público. Essas ações também provocaram fortes controvérsias que mobilizaram a comunidade de historiadores profissionais. Nessas discussões, um dos temas mais acionados foi o do anacronismo. Afinal, a derrubada das está- tuas seria uma iniciativa anacrônica? Partindo desta interrogação, este artigo busca apresentar algumas reflexões sobre tempo, memória e anacronismo, relacionando-os aos debates mais sensíveis subsequentes às iniciativas de questionamento das representações contidas em estátuas e monumentos que habitam o nosso presente.
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