Um artesão entre a honra e a infâmia: a trama de um ourives alentejano na Inquisição portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.14393/artc-v23-n43-2021-64090Palabras clave:
Inquisição, honra, cristãos-novosResumen
O interesse central deste artigo é, a partir da reconstituição e da análise da trajetória do ourives do ouro Antônio Pereira Colaço, compreender os meandros institucionais do Tribunal do Santo Ofício em seu exercício de classificação social, com especial atenção ao peso que a fama pública teve na avaliação de candidaturas em dois momentos diferentes da história desse órgão. O roteiro de vida do personagem, que foi de aspirante a familiar do Santo Ofício a réu preso e processado pela Inquisição, faz de sua trajetória um arquétipo processual bastante representativo das conjunturas vividas por muitos frente ao poder punitivo e também classificatório da instituição. O exame desse enredo visa colaborar com a compreensão da historicidade dos regimes simbólicos do provimento inquisitorial e, em alguma medida, com a mensuração do impacto que teve a Inquisição na estigmatização e na exclusão social no Antigo Regime português.
Descargas
Citas
Arlindo Nogueira Marques Correia. Disponível em <http://arlindo-correia.com/050612.html>. Acesso em 6 out. 2020.
Arquivo da Universidade de Coimbra, Índice dos alunos da Universidade de Coimbra, Letra M, 008339 – Francisco de Sá e Mesquita.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Tribunal do Santo Ofício (TSO), Concelho Geral (CG), Habilitações Incompletas (HI), documentos 568, 657, 1816, 2300, 3558, 3674, 4464 e 4794.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Tribunal do Santo Ofício (TSO), Inquisição de Lisboa, processo 11300 – Francisco de Sá e Mesquita.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Tribunal do Santo Ofício (TSO), Inquisição de Évora, processo 5520 – Maria da Cruz Varela.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Tribunal do Santo Ofício (TSO), Inquisição de Évora, processo 5400 – José Pereira Botelho.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Tribunal do Santo Ofício (TSO), Conselho Geral do Santo Ofício, Livro 435. Autos da fé (1540-1725), Listas dos autos da fé da Inquisição de Lisboa (1542-1778), folha 275v.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Tribunal do Santo Ofício (TSO), Conselho Geral do Santo Ofício, Livro 434. Autos da fé (1540-1725), Listas dos autos da fé da Inquisição de Évora (1542-1763), folha 245-246v.
Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Manuscritos reservados. Colecção das mais celebres sentenças das Inquisições de Lisboa, Évora, Coimbra e Gôa, algumas dellas originaes e outras curiozamente annotadas de mui interessantes e singulares noticias (manuscrito compilado por Antonio Joaquim Moreira, 1863). Disponível em <http://purl.pt/15393>. Acesso em 5 out. 2020.
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico, architectonico, 8 vols. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728. Disponível em <http://dicionarios.bbm.usp.br/pt-br/dicionario/edicao/1>. Acesso em 5 out. 2020.
BRAGA, Isabel Drumond. Viver e morrer nos cárceres do Santo Ofício. Lisboa: Esfera dos Livros, 2015.
CALAINHO, Daniela. Agentes da Fé: familiares da Inquisição portuguesa no Brasil colonial. Bauru: Edusc, 2006.
CARLOS, Rita. O ofício de ensaiador da prata em Lisboa (1690-1834). Cadernos do Arquivo Municipal, v. 2, n. 7, Lisboa, jun. 2017.
FIGUEIROA-REGO, João de e OLIVAL, Fernanda. Cor da pele, distinções e cargos: Portugal e espaços atlânticos portugueses (séculos XVI a XVIII). Tempo, n. 30, Niterói, 2011.
FIGUEROA-REGO, João de. A honra alheia por um fio: os estatutos de limpeza de sangue no espaço de expressão Ibérica (sécs. XVI- XVIII). Braga: Fundação Calouste Gulbenkian, 2011.
LOPES, Bruno. A Inquisição em terra de cristãos-novos. Arraiolos, 1570-1773. Lisboa: Apenas, 2013.
LOPES, Luiz Fernando Rodrigues. Indignos de servir: os candidatos rejeitados pelo Santo Ofício português (1680-1780). Tese (Doutorado em História) – Ufop, Ouro Preto, 2018.
LOPES, Luiz Fernando Rodrigues. Vigilância, distinção & honra: Inquisição e dinâmica dos poderes locais nos sertões das Minas setecentistas. Curitiba: Prismas, 2014.
MARCOCCI, Giuseppe e PAIVA, José Pedro. História da Inquisição portuguesa (1536-1821). Lisboa: A Esfera, 2013.
MELLO, Evaldo Cabral de. O nome e o sangue: uma parábola familiar no Pernambuco colonial. 2. ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000.
MONTEIRO, Lucas M. A Inquisição não está aqui?: a presença do tribunal do Santo Ofício no extremo sul da América portuguesa, 1680-1821. Jundiaí: Paco, 2015.
NAZÁRIO, Luiz. Autos-de-fé como espetáculos de massa. São Paulo: Humanitas/Fapesp, 2005.
OLIVAL, Fernanda. As Ordens militares e o Estado moderno: Honra, Mercê e Venalidade em Portugal (1641-1789). Lisboa: Estar, 2001.
OLIVAL, Fernanda. Mercado de hábitos e serviços em Portugal (séculos XVII-XVIII). Análise Social, v. XXXVIII, n. 168, Lisboa, 2003.
OLIVAL, Fernanda. Rigor e interesses: os estatutos de limpeza de sangue em Portugal. Cadernos de Estudos Sefarditas, n. 4, Lisboa, 2004.
Regimento do Santo Ofício da Inquisição dos Reinos de Portugal, ordenado por mandato do ilustríssimo e reverendíssimo senhor Bispo Dom Francisco de Castro, inquisidor-geral do Conselho de Estado de Sua Majestade – 1640. Livro I, título I, parágrafo 2. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ano 157, n. 392, Rio de Janeiro, 1996.
RODRIGUES, Aldair Carlos. Limpos de sangue: familiares do Santo Ofício, Inquisição e sociedade em Minas Colonial. São Paulo: Alameda, 2011.
SILVEIRA, Marco Antônio. Fama pública: poder, costumes nas Minas setecentistas. São Paulo: Hucitec, 2015.
SOUZA, Gonçalo de Vasconcelos e. A prataria civil portuguesa nos séculos XVII e XVIII. In: FERREIRA-ALVES, Natália Marinho (dir.). Portugal/Brasil – Brasil/Portugal: duas faces de uma realidade artística. Lisboa: CNCDP, 2000.
TORRES, José Veiga. Da repressão à promoção social: a Inquisição como instância legitimadora da promoção social da burguesia mercantil. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 40, Coimbra, out. 1994.
WADSWORTH, James E. Agents of ortodoxy: Inquisitorial and prestige in colonial Pernambuco, Brazil. New York and Lanham, Maryland: Rowman and Littlefield, 2008.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos da licença Creative Commons, adotada a partir da ArtCultura, v. 21, n. 39 (jul.-dez. 2019).
CC BY-NC-ND 4.0: o artigo pode ser copiado e redistribuído em qualquer suporte ou formato. Os créditos devem ser dados ao autor original e mudanças no texto devem ser indicadas. O artigo não pode ser usado para fins comerciais. Caso o artigo seja remixado, transformado ou algo novo for criado a partir dele, ele não pode ser distribuído.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.