Sobre canteiros de obras, bichos, carne, pão e outras bizarrices
DOI:
https://doi.org/10.14393/ArtC-V19n34-2017-1-15Resumen
No campo artístico, a segunda metade da década de 1960 é marcada pela tomada de posição contra o objeto, substituído pelos processos de pensamento (arte conceitual), pela corporeidade dos acontecimentos e dos elementos naturais (arte povera), pela busca do "sublime" da natureza (land art), pelo uso direto do corpo como matéria significativa (body art) e pela exaltação da expressividade primária das propriedades físicas de materiais de diversas proveniências (process art), entre outros. A contestação da obra acabada e de sua natureza de produto e a exaltação das ideias e dos processos não deixam de ter repercussões no Brasil, onde adquirem significados próprios. Denominada "desmaterialização" por Lucy Lippard, essa tomada de posição contra os aspectos materiais da obra caracteriza-se pela busca de uma "solução drástica ao problema da fácil compra e venda dos artistas junto com sua arte", por uma difusão alheia às tradicionais estruturas de poder, pelo estabelecimento de uma rede de solidariedade entre os criadores e pela politização da produção e do comportamento, quando necessário.
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